Título: Construindo o Congresso Internacional da Paz e o Congresso Anarquista Sul Americano
Subtítulo: Cultura política e o trânsito de ideias e experiências anarquistas e sindicalistas entre o Brasil e a Argentina nas duas primeiras décadas do século XX
Data: 2018
Fonte: Revista Espaço Acadêmico. Dossiê: Experiências Anarquistas no Brasil (1918-2018)
Notas: Este trabalho tenciona analisar as articulações políticas e sindicais, bem como a trajetória de grupos e militantes que possibilitaram a construção do Congresso Anarquista Sul-Americano e do Congresso Internacional da Paz diante de seus condicionamentos, mas também de seus dilemas e debates, na (re)elaboração de sua cultura política, tanto global mas também transnacional e local. Nesse sentido, temos como objetivo analisar as características da disseminação do anarquismo e da estratégia do sindicalismo de intenção revolucionária entre o Brasil e a Argentina, dando enfoque também para a circulação de ideias e experiências anarquistas e sindicalistas nesses países.

“Aos socialistas, sindicalistas, anarquistas e organizações operárias de todo o mundo. A pressão exercida pelos governos das nações beligerantes sobre o governo espanhol, obrigando a este a proibir a reunião, em Ferrol, do Congresso Internacional da Paz, marcado para 30 de abril próximo passado, é uma prova de que os governos da burguesia temem que os proletários do mundo inteiro cheguemos a combinar esforços e, unidos todos, façamos cessar a horrorosa matança [...]. Beligerantes e neutrais, sofremos as mesmas consequências do atual estado de coisas, – uns dando a sua vida nos campos de batalha, em holocausto ao deus do capital, os outros, por efeito da crise industrial e comercial, morrendo de fome e de miséria, sem que uns e outros tenhamos um gesto de rebeldia para sublevar-nos contra os causantes de tão monstruoso crime de lesa-humanidade” (CONGRESSO INTERNACIONAL DA PAZ, 1915, p.1)."

Com o avanço da Primeira Guerra Mundial e o consequente enrijecimento das fronteiras nacionais, órgãos e intentonas anarquistas e sindicalistas de caráter transnacional e de postura internacionalista tiveram danos severos. Nesse sentido, tanto o Congresso Internacional da Paz na Espanha e o Congresso Anarquista de Londres, marcados para 1914, foram impossibilitados de ocorrerem, seja pelas novas dificuldades de tráfego de militantes e periódicos de um país para o outro ou pelo acirramento da repressão nesses países (OLIVEIRA, 2009 e SANTOS, 2016).

É de se notar, portanto, que anarquistas no Brasil, chamando também socialistas e sindicalistas, noticiassem essa notícia através da Confederação Operária Brasileira com sede no Rio de Janeiro, não para cancelarem projetos e eventos entre o movimento operário de países da América do Sul, como na Europa ocidental, mas para confirmarem e justificarem o Congresso Anarquista Sul-Americano e o Congresso Internacional da Paz, ambos ocorridos em 1915. Evidentemente, anarquistas sul-americanos tiveram menos danos em seus grupos políticos que no caso europeu, onde os conflitos nacionais os afetaram diretamente. Não obstante, a inflação de produtos de necessidade básica e a instabilidade do mercado de trabalho nesse período, desorganizaram a estrutura sindical estabelecida na década passada como na Argentina, Uruguai e Brasil, o que nos faz pensar na dificuldade de uma rápida reestruturação do movimento operário nesses lugares, ainda mais se considerarmos uma associação simples e mecanicista entre economia e estrutura sindical.

Para Van der Linden (2013), no entanto, as greves e reivindicações evidentemente dependem das condições materiais para serem realizadas, mas também da motivação subjetiva dos personagens que as compõem que vão “recorrer a uma vasta gama de estratégias” (LINDEN, 2013, p.195). De fato, como apontado pelo historiador Maram (1979), no caso do Brasil, houve uma queda da organização sindical exatamente pela forma móvel dos trabalhadores, constantemente mudando de locais de emprego e de ofício, reduzindo também seu poder de barganha pelo excedente de força produtiva (MARAM, 1979). Não obstante, um tipo de insegurança sempre existiu entre esses personagens e, portanto, ligar a redução da atividade sindical à suposta apatia do movimento operário no quesito militante não é um exercício totalmente certeiro, já que esses não cessaram suas atividades, mas sim, como veremos, reinterpretaram suas táticas e estratégias a partir das dificuldades encontradas.

Este trabalho, portanto, tem como objetivo analisar as articulações políticas e sindicais, bem como a trajetória de grupos e militantes que possibilitaram a construção do Congresso Anarquista Sul-Americano e do Congresso Internacional da Paz diante de seus condicionamentos, mas também de seus dilemas e debates, na (re)elaboração de sua cultura política, tanto global mas também transnacional e local. Nesse sentido, primeiramente analisamos as características da disseminação do anarquismo e da estratégia do sindicalismo de intenção revolucionária entre o Brasil e a Argentina – principais países participantes dos congressos analisados – dando enfoque também para a circulação de ideias e experiências anarquistas e sindicalistas nesses países, que possivelmente deram substância para posteriores intentonas mais sistemáticas. Após isso, mostraremos os principais debates anarquistas e sindicalistas diante da Primeira Guerra Mundial e de novas articulações políticas e sindicais para a permanência e continuidade de suas atuações entre a classe trabalhadora. Por fim, adentraremos a trajetória de construção e nas resoluções do Congresso Anarquista Sul-Americano e o Congresso Internacional da Paz. Devido ao tempo e ao espaço, focaremos principalmente nestes dois países – Argentina e Brasil, como já citado, os maiores edificadores das entidades e eventos compreendidos - porém não excluindo a presença e a importância do Uruguai e do Chile, dois dos países também presentes.

A disseminação do anarquismo e da estratégia do sindicalismo de intenção revolucionária no Brasil e na Argentina

Longe de ser o primeiro a espalhar suas ideias em sua visita à Argentina entre 1885 e 1889, o militante Errico Malatesta – importante teórico anarquista do século XX e uma das principais referências nos periódicos libertários no mundo – deparou-se com outros militantes e grupos de sua família política, que inclusive estavam se desenvolvendo há alguns anos no país. Esses personagens haviam se estabelecido em recentes polos industrias, agrícolas ou de comércio a partir das correntes migratórias em massa ocasionada pela crise do capitalismo industrial na Europa ocidental entre 1873 e 1896 (COLOMBO, 2009, p.78). Anarquistas, majoritariamente italianos, mas também espanhóis, seja em razão de exílio político ou mesmo tentando uma vida melhor que lhes fôra prometido no chamado novo mundo, se estabeleceram no país e encontravam respaldo entre diversos grupos de trabalhadores, nativos e imigrantes, que também apresentavam sintomas de resistências às péssimas condições de trabalho e moradia. A capital do país, Buenos Aires, nesse sentido, crescia em proporções avassaladoras e recebia um contingente enorme de trabalhadores. Nesse contexto surgem, ainda em 1879, os primeiros periódicos socialistas da região como La Voz Del Obrero e La Vanguardia, e o primeiro jornal de inclinação anarquista, o El Descamisado, que teve apenas alguns meses de publicação (COLOMBO, 2009, p.78-79).

Em maio de 1890 surgiu o El perseguido, periódico libertário de bastante respaldo entre os trabalhadores, apresentando uma tiragem inicial de 1.000 exemplares e, a partir de seu n.º 60, contava com a impressão de 4.000 exemplares, número surpreendente para qualquer jornal do período, inclusive se comparado com a grande imprensa. Esse sucesso também refletia e influenciava o crescimento do movimento operário na cidade que, a partir das duas últimas décadas do século XIX, presenciou “fortes movimentos de greves”, principalmente “entre os padeiros, os cigarreiros, os sapateiros, os pedreiros, os estucadores, entre outros” (COLOMBO, 2009. p.78). Nesse movimento, as autoridades, incluindo da Argentina e da Itália, já perceberam a ação do periódico entre essas categorias e, por isso, acirraram a repressão sob o grupo de redatores e militantes em torno desse organismo.

Após uma intensa paralisação em 1890 que terminou com a vitória da categoria de pedreiros, mas como uma intensa repressão entre militantes e ativistas participantes desse processo, o movimento anarquista abriu um debate recorrente na sua família política na Europa sobre as formas de organização e construção do sindicalismo. Nesse sentido, havia os antiorganizacionistas que “pensavam [que] a constituição de grupos estáveis, com relações sólidas e permanentes, alheios muitas vezes à efemeridade de determinados objetivos, era um desvio da essência mesmo do anarquismo.” De outro lado, estavam os organizacionistas que “viam no sindicato um excelente meio para unir trabalhadores e fazer a necessária propaganda, objetivando criar uma organização anarquista com base operária sólida.” (SAMIS, 2009, p.95- 96). Os organizacionistas começaram a ter mais visibilidade na cidade e tinham seu periódico chamado Questione Sociale, inclusive com participação dos anarquistas italianos Errico Malatesta e Pietro Gori que haviam fundado também o Circulo de Estudios Sociales (ROVIRA, 1996, p.90-91).

Mas é no início do século XX que anarquistas em torno do periódico La Protesta Humana e de socialistas em seu recente partido se articularam para a formação da Federação Operária Argentina (FOA). Este organismo foi altercado no salão da Sociedade Lígure, situado no bairro de La Boca em Buenos Aires. A FOA foi caracterizada por discussões sobre suas estratégias e consequentemente levava divergência destes entre socialistas e anarquistas, situação que foi mudada a partir das intensas greves e manifestação entre 1901 e 1903. Nesse período, para Eduardo Colombo (2009), foi ampliada a participação dos anarquistas na formação e participação de sindicatos na capital do país, organismos que cresciam exponencialmente. Nesse contexto, operários portuários criam a Sociedade de Resistência dos Operários. Esse grupo vai conseguindo se articular com outras categorias que estavam utilizando a ação direta típica dos libertários e, no IV Congresso da FOA em 1904, conseguem a edificação da Federação Operária Regional Argentina (FORA) (COLOMBO, 2009. p.86- 102.). No V Congresso da FORA em 1905, é decidido um meio, discutido em outros pontos do globo dentro da família política anarquista, que versava a melhor introdução da ação libertária no movimento operário. Entre as estratégias discutidas, a escolha foi pelo uso do anarcossindicalismo, que visava o vínculo explícito entre anarquismo e sindicalismo.

Além da construção sindical, outro debate anarquista que teve forte propulsão no período foi sobre o caráter internacionalista do movimento no sentido prático. Dessa maneira, anarquistas tentavam ultrapassar seus círculos étnicos, passando do simples contato de militantes anarquistas entre grupos de seus países natais, para contatos com outros países, inclusive vizinhos (GODOY, 2013, p.132-141). Nesse sentido, o jornal L’avvenire de São Paulo, logo em 1894, alega o recebimento de cartas da Argentina, Portugal, Espanha, Estados Unidos e Inglaterra, noticiando também, no caso deste primeiro, o contato e a criação do “grupo La Juventú Comunista-anarquica de Buenos Aires” (L’AVVENIRE, 14/07/1895, p.4).

Evidentemente, para entendermos a expansão de seus contatos fora do continente europeu, precisamos adentrar a trajetória de um dos redatores desse periódico anarquista paulista, o militante Galileo Botti, nascido em Livorno e que residiu em Buenos Aires até 1890. Devido a uma forte crise financeira na Argentina e o crescimento da repressão nesse país, o personagem se estabeleceu em São Paulo no início na última década do século XIX. Pelo que tudo indica, antes de publicar o primeiro periódico de orientação anarquista que se tem registro no Brasil, o Gli Schiavi Bianchi, o personagem já havia tido um contato com o anarquismo nesses países, uma vez que se comunicava com os jornais Il Perseguido e Lavoriamo de Buenos Aires e o Il Farilla de Mantova (GODOY, 2013. p.85-102). Portanto, anarquistas não traziam simplesmente suas ideias da Europa para o Brasil, mas já estavam desenvolvendo suas práticas e experiências num circuito transnacional entre diversos países em que transitavam, especialmente de grande imigração na América do Sul, como Uruguai e Argentina.

No caso brasileiro, a população imigrante, apesar de abarcar quase todo o território brasileiro com o passar dos anos, ocupou primeiramente as regiões de produção agrícola e, depois, foram atraídos paulatinamente para os polos industriais. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina foram mais fortemente atingidos, mas outros como Pernambuco e Salvador também tinham uma presença notável de imigrantes e de aumento populacional (CLEVELÁRIO JÚNIOR, 1997). Essas intensas transformações que assinalaram tanto a esfera institucional quanto a própria construção das cidades, também em seus âmbitos sociais, ocasionaram profundas reformulações nos próprios tipos e linguagens de resistência dos personagens menos favorecidos.

Pensamentos e práticas que circulavam com esse grande fluxo se fortificavam com a imprensa operária e de bairro, gradativamente em ascensão devido à expansão da fabricação das máquinas tipográficas e da consequente ampliação da imprensa, que já era usada por grupos sociais ou políticos para seus interesses particulares. É nesse contexto que nascem os primeiros grupos anarquistas atrelados aos seus instrumentos de comunicação e propaganda, como Gli Schiavi Bianchi e L’asino Humano em São Paulo, O Despertar e A Greve no Rio de Janeiro, A Luta no Rio Grande do Sul e A Nova Era em Minas Gerais. Anos depois, aconteceu uma proliferação de periódicos operários e anarquistas em diversos pontos do país, como o La Battaglia, A Terra Livre, A Guerra Social, La Propaganda Libertaria, Aurora Social, O Amigo do Povo, A Lanterna e muitos outros (SANTOS, 2016, p.25).

No início do século XX, a insistência do anarquismo pela construção sindical, como vimos também no caso argentino, rendeu resultados. Militantes libertários estiveram na dianteira da construção da Federação Operária Regional Brasileira, mais tarde chamada de Federação Operária do Rio de Janeiro (FORJ). Esta foi, na realidade, um alongamento da Federação das Associações de Classe, criada no final de 1904 por portuários filiados à Federação Operária Regional Argentina (FORA) que chegaram ao Rio de Janeiro com o objetivo de firmar conexões sólidas com os trabalhadores de ambos os países, revelando mais uma vez a importância do contato entre tais regiões para seus respectivos movimentos - anarquista e sindicalista (SAMIS, 2009, p.110). Em 1906, militantes do organismo carioca, envolvidos com a Federação Operária de São Paulo (FOSP) e a Federação Operária Local de Santos (FOLS) decidem a criação da Confederação Operária Brasileira (COB).

O Primeiro Congresso Operário, evento que concretizou tal intentona, foi realizado no Centro Galego entre os dias 15 e 22 de abril de 1906 no centro do Rio de Janeiro. As reuniões receberam 43 delegados de 28 associações de variadas partes do país, incluindo a cidade em questão, Salvador, Alagoas, Rio Grande do Sul e São Paulo e incluía, em seus primeiros anos, 50 sindicatos federados por organismos nacionais e de ofício. Diferente da argentina, onde o vínculo explícito entre anarquismo e sindicalismo era usado, na COB a escolha usada por seus militantes – incluindo aí os anarquistas – era o sindicalismo revolucionário, uma estratégia que apesar de utilizar a ação direta e a horizontalidade como meios, se desvinculava do anarquismo, podendo ser construído e impulsionado por socialistas, sindicalistas não declarados anarquistas e demais correntes políticas desde que declarassem sua predisposição ao emprego dos métodos e inclinações libertárias (OLIVEIRA, 2009).

Não obstante, o desejo de construir uma força sindical nacional adiava a construção de organismos entre países diferentes, que se restringiam aos seus contatos por cartas ou na participação de militantes viajantes em grupos de diferentes regiões. Mesmo assim, o trânsito de ideias, experiências e militantes anarquistas e sindicalistas foi transformado em intentonas mais concretas, fazendo simples contatos serem utilizados e apropriados partir de novos contextos e debates dentro do movimento anarquista entre tais países.

Anarquistas e sindicalistas diante da Primeira Guerra Mundial

Embora não afetados diretamente pelos efeitos da Primeira Guerra Mundial, os trabalhadores da Argentina estavam sofrendo consequências do evento desde de 1913. Neste período, a importação de combustíveis afetava a produção industrial, que também sofria com a queda substancial de exportação devido ao fechamento de fronteiras e a queda de compra dos países europeus. O congelamento dos salários e o aumento dos artigos de primeira necessidade – de 50% entre 1914 e 1908 – causavam danos severos à qualidade de vida dos trabalhadores, ocasionando também um excedente na força de trabalho. Além disso, para Suriano (2017) “a paralisação das obras públicas, a queda do emprego no setor estatal, na construção privada (especialmente na ferrovia) e na falência das empresas causou um desemprego de cerca de 20%” (SURIANO, 2017, p.99) no caso de Buenos Aires. Além dos danos econômicos que o sindicalismo sofria, o crescente aumento de greves na década passada e a presença de trabalhadores organizados resultou numa onda repressiva sob os militantes do movimento operário. Logo em 1910, a polícia argentina, em sigilo, prendeu membros do conselho da FORA, entre eles também os redatores de La Protesta e da La Batalla, empastelando os periódicos e deixando o órgão sindical sob clandestinidade (COLOMBO, 2009, p.105-106).

Não obstante, é difícil pensar, analisando a própria memória dos militantes do movimento operário posteriormente, que suas ações tivessem cessado nesse período como outras interpretações sugerem. Nesse sentido, não podemos apenas olhar para a FORA, tentando vê-la como a única saída do movimento operário. Na realidade, militantes de diversas orientações estavam se organizando territorialmente por bairros como Belgrano, Barracas e Villa Crespo, o que descentralizava o movimento e podia possivelmente escapar da onda repressiva. Nesse movimento, “o Sindicato de Marceneiros primeiro e a Federação Gráfica Bonaerense depois propuseram adotar a semana de 44 horas de trabalho” (SURIANO, 2017, p.100).

Situação parecida estava acontecendo no movimento operário de São Paulo que, entre os anos de 1911 até 1913, presenciou algumas greves no setor de construções, acompanhadas de iniciativas reivindicativas também em outras regiões do estado, como em Ribeirão Pires em abril e maio de 1913. Em 1912, na capital, uma paralisação parcial no setor de calçados conseguiu ser ampliada para uma grande mobilização de dez mil trabalhadores onde os militantes tentavam adentrar sob a forma de notícias ou continuando seus esforços de coordenação (BIONDI, 2011, p.284-285). Para alguns autores, esse comportamento mudou bastante nos quatro anos posteriores, antes das intensas agitações de 1917. Sheldon Maram defende que o movimento operário sofreu um declínio evidente, resultado da repressão contínua da polícia às manifestações e organizações somado ao constante desemprego que varria os centros industriais, causando instabilidade na vida da população e, por consequência, a dificuldade de sindicalização pelas constantes demissões e mobilidade dos trabalhadores (MARAM, 1979). De fato, a mencionada repressão, por sua vez, teve alguns amparos legais em 1907 criadas pelos governantes ao visualizarem o potencial perigo das agitações para o projeto republicano, sancionadas pelo então presidente Rodrigues Alvez (LEAL, 1999. p. 52- 53). Tais medidas se somaram posteriormente a uma grande crise econômica, decorrente dos efeitos das guerras balcânicas seguidas da Primeira Guerra Mundial, no período de 1913- 1916, inflacionando os preços de produtos de necessidade básica que afetou diversas partes do mundo causando severos danos também no mercado de trabalho, ainda mais nos pólos industriais brasileiros como Rio de Janeiro e São Paulo (SANTOS, 2016).

Ainda assim, anarquistas continuaram sua militância e ativismo em outros espaços além dos sindicais, até que esse se encontrasse reestruturado. Para isso, não podemos procurar somente a atuação da COB e de seu periódico A Voz do Trabalhador – que parou de ser publicado de 1909 até o fim de 1912 -, já que estes estavam na mira da repressão, além de sofrerem com a queda da sindicalização do país. Nesse período, anarquistas estavam condensando seus esforços no periódico anticlerical A Lanterna de São Paulo, que contava com a presença dos militantes Edgard Leuenroth e Benjamin Mota. Por ser conhecido na cidade e no país, inclusive por grupos maçons, espíritas, socialistas anticlericais e livres-pensadores, é difícil fazer uma associação da relevância que o grupo em torno desse periódico teve para a reintrodução do anarquismo no movimento operário. Isso se deu quando Edgard Leuenroth, membro da COB, passou para a direção do periódico em 1909 e anexou a coluna “Vida Operária” em 1911, transformada depois em “Mundo Operário.” As colunas eram destinadas a discutir e noticiar os problemas envolvendo trabalhadores bem como suas pautas em greves e reivindicações (SANTOS, 2016, p.73).

Outro organismo relevante no período foi o periódico La Propaganda Libertaria que depois passou para o nome La Guerra Sociale em 1915, e que tinha como redatores Gigi Damiani e Angelo Bandoni. Esse jornal foi responsável pela crítica contundente da Primeira Guerra Mundial e seus efeitos em âmbito global. Para os redatores, esse evento, além de ocasionar grandes danos às classes baixas, marcaria o poder dos estados nacionais ligados aos detentores dos meios de produção já que esses últimos seriam “acionistas das grandes fábricas de armas e munições, bem como fornecedores dos exércitos e dinheiro (LA PROPAGANDA LIBERTARIA, 12/07/1913. p.2).” A partir disso, anarquistas da cidade de São Paulo, Rio de Janeiro e do país começavam a tensionar posições nacionalistas que estavam crescendo nesse momento. Sobre outra campanha visando “Os trabalhadores de todos os países, austríacos ou turcos, franceses ou russos, saxões ou ibéricos, negros ou brancos”, o jornal mostrava:

“[...] nós vivemos sob uma parte da terra a que chamamos de Brasil, que possui um presidente, ministros, deputados, empregados e soldados. Pois bem, é estreitar ou reforças laços com outros países, principalmente vizinho dele um outro país chamado Argentina, que por sua vez também possui um presidente, ministros, deputados, empregados e soldados, é vizinho deste um outro chamado Chile, vizinho deste outro chamado Perú, etc., etc., que são partes componentes da América e do mundo – em todos estes países vivem homens formados igualmente a nós, com um nariz, uma boca, olhos e orelhas, homens que não nos conhecem e não nos querem fazer mal, e aos quais, por nossa vez, não desejamos mal” (GUERRA SOCIALE, 01/05/1916, p.1)."

Com isso, A Lanterna e o Guerra Sociale, seguido pelo periódico Na Barricada noticiavam a busca por órgãos internacionalistas, congressos e eventos referentes à aproximação de grupos latinos ou sul-americanos para a luta antimilitarista (SANTOS, 2016. p.82-102). É nesse prisma, e a partir dessa redefinição de táticas anarquistas e sindicalistas, que foi possível a edificação do Congresso Anarquista Sul-Americano e o Congresso Internacional da Paz, proposto por esses grupos e pela COB, que se mostrava novamente ativa em 1913.

O Congresso Internacional da Paz e o Congresso Anarquista Sul-Americano

Em setembro de 1915, a Confederação Operária Brasileira (COB) através do periódico A Voz do Trabalhador e o periódico anarquista Na Barricada noticiaram o Congresso Internacional da Paz, marcado para os dias 14, 15 e 16 de outubro na Praça Tiradentes, n.º 71, no Rio de Janeiro. Para os militantes e redatores dos organismos, este evento seria uma “reunião internacional de socialistas, sindicalistas e anarquistas para tratar dos meios de combate à tremenda guerra europeia.” Eles destacavam ainda que “um acordo entre as forças revolucionárias do proletariado internacional seria de uma eficácia indiscutível para promover a terminação da carnificina desgraçada”, justificando, portanto, suas investidas. Além disso, ainda usavam suas redes militantes do mundo para mostrarem que “O Ateneu Sindicalista Del Ferrol, Espanha, fizeram um chamamento ao proletariado avançado de todo o mundo para se reunir em congresso naquela cidade, em fins de abril desse ano” (NA BARRICADA, 02/10/1915, p.1).

Na chamada feita pela COB para o Congresso Internacional da Paz, percebemos que o evento também era percebido como resultado da proibição de outro congresso que aconteceria na Espanha, fato que atesta o laço de continuidade transnacional contido entre os militantes anarquistas presentes, mas também do internacionalismo operário que era fortalecido por meio desses. Do mesmo modo, é possível notar a preocupação em construir ações para impedir o enfraquecimento do movimento operário diante dos acontecimentos (SANTOS, 2016, p.75-76).

O grupo em torno do jornal A Lanterna, que tinha representantes na própria COB, como é o caso de Edgard Leuenroth, não tardou em assinar sua adesão e ação prática em tais eventos. As redes desse grupo anarquista e anticlerical garantiram notícias e adesões de outros grupos libertários como o Centro de Estudos Sociais do Rio de Janeiro, o Centro Feminino Jovens Idealistas de São Paulo, o Grupo Anarquista Renovação de Santos, os periódicos La Protesta e La Rebelion da Argentina, a União Anarquista Comunista de Portugal, o Grupo Educacion Anarquista da Espanha e outros nos quais estreitavam relações. Mesmo nível de inserção garantiam também as adesões de entidades sindicais do país, entre elas as federações operárias do Rio Grande do Sul e de Alagoas, bem como de trabalhadores fora do espaço especificamente fabril como a Associação de Resistência dos Cocheiros, Carroceiros e Classes Anexas e a União dos Empregadores Barbeiros e Cabeleireiros, que também garantiam seus próprios interesses pela luta material progressiva. As adesões conseguiram ser estendidas de forma internacional entre diversas organizações de caráter econômico ou político como a União de Classe Operários Tecelões e a União das Juventudes Sindicalistas de Portugal, o Ateneo Sindicalista Ronda e o Grupo de Educacion Anarquista da Espanha, a Confederação de Sindicato Obrero de la Republica Mexicana, a Unione Sindicalista Italiana e o Partido Socialista da Argentina, que também faziam chamadas para comparecerem ou fortalecerem o evento (SANTOS, 2016, p.75-76).

Fora da propaganda e da divulgação, na prática, a comissão organizadora do Congresso, entre eles o militante Astrojildo Pereira da COB, mostra que os maiores presentes e representantes estrangeiros no congresso foram dos países da Argentina, Portugal, Espanha e Itália, sendo evidente o número de organismos desse primeiro. Além da discussão em si sobre estratégias a serem seguidas para realçar o internacionalismo visando combater a guerra e consequentemente o avanço do Estado nacional e do capitalismo, os militantes ressaltavam que “esta assembleia, reunida, apesar de tudo, [...] é bem uma prova evidente de que as aspirações e os sentimentos do proletariado revolucionário não se acham mortos ou apagados (CONGRESSO INTERNACIONAL DA PAZ, 1915. p.3).” Como visto, o Congresso Internacional da Paz também servia muito bem como um ato simbólico para inflamar novamente o movimento operário.

Muito mais do que as próprias decisões e debates internos que não é possível acompanhar nas resoluções do congresso, fora a escolha pela contínua utilização do sindicalismo de intenção revolucionária e do incremento do antimilitarismo nos órgãos sindicais dos países participantes, o mais interessante são as cartas que a COB trocou com a FORA e com grupos libertários da Argentina, entre eles a Agrupacion Anarquista, a Agrupacion Libertaria Orientacion, o Comite Pro-Presos y Deportados, os periódicos La Protesta e La Rebelion, a Liga de Educacion Racionalista e outros. Parece que, a partir daí, houve um laço concreto entre os organismos, que começavam a observar e acompanhar uns aos outro com mais intimidade. É nesse viés que militantes das entidades citadas propuseram então o Congresso Anarquista Sul-Americano, noticiado em periódicos libertários como no La Protesta Humana e Na Barricada (CASTRO, 2007. p.255).

Os dois congressos que se realizaram no Rio de Janeiro faziam clara frente ao avanço dos conflitos mundiais propondo garantir a força sindical para além das fronteiras nacionais. Não obstante, apresentavam diferenças nas suas intenções. Enquanto o primeiro tentava garantir a junção com grupos ideológicos (socialistas, anarquistas) e sindicais (de ofício ou regionais) de várias partes do globo, visando a união das forças de origem proletária para tencionar especialmente as decisões dos Estados nacionais no desenrolar da Primeira Guerra Mundial, o outro foi proposto especificamente pelos militantes anarquistas no interior da confederação, tentando atingir outros núcleos ou grupos de propaganda libertária do continente sul-americano visando um tipo de programa para a atuação de sua família política no interior dos espaços operários em que atuavam.

Um dia após o Congresso Internacional da Paz, aproveitando os contatos com os órgãos sindicais e anarquistas sulamericanos, libertários, em torno do periódico Na Barricada - entre eles Astrojildo Pereira - efetivaram o Congresso Anarquista Sul-Americano entre os dias 17,18 e 19 de outubro na sede do Centro de Estudos Sociaes, localizado na Rua do Rosário, n.º 170, no Rio de Janeiro. A resolução do evento foi publicada no dia 28 do mesmo mês no periódico referido, no qual os militantes afirmavam a vitória dessa intentona “apesar do pessimismo com que a princípio foi acolhida a ideia de sua realização (NA BARRICADA, 28/10/1915. p.1).” Talvez essa declaração tenha sido feita se referindo ao pouco acolhimento e presença de organizações e militantes do Uruguai e do Chile, grupos de países citados como supostos participantes do congresso. Ainda assim, organizações e militantes de relevo da Argentina comparecerem em peso, como os redatores do periódico La Protesta, o Comité Pró-Presos y Deportados, a Agrupacion Anarchista a Prepararse e muitos outros militantes individualmente. Grupos e militantes de São Paulo e da região sul do Brasil também compareceram, estabelecendo contato com tais organismos da Argentina.

A primeira pauta gravitou em torno da data do primeiro de maio, que para os militantes não significava um dia de festa, mas “de protesto contra a iniquidade capitalista e a opressão governamental (NA BARRICADA, 28/10/1915. p.2)” cabendo aos anarquistas realçarem essa diferença nos espaços operários em que atuavam. Após as discussões sobre a ineficácia da social-democracia, a pauta tema do evento se referia à posição anarquista diante da Primeira Guerra Mundial. Discordando de militantes anarquistas influentes como Piotr Kropotkin que declarou apoio aos Aliados (GIULIETTI, 2015), os anarquistas sulamericanos declaravam suas posições antimilitaristas e pacifistas, afirmando a luta de classes como única saída para os trabalhadores frente ao acontecimento já que “a guerra é uma das funções essenciais do Estado e uma consequência imediata da organização social baseada no regime da propriedade monopolizada”. Para isso, decidiram intensificar a propaganda contra a Grande Guerra nos periódicos anarquistas para criarem o “intercâmbio de relações entre as agrupações anarquistas dos diversos países da América Latina, constituindo-se para isso comitês nos respectivos países” (NA BARRICADA, 29/10/1915, p.2).

Outro ponto de destaque foi o debate sobre o tipo de organização anarquista e sua estratégia frente ao sindicalismo que essas organizações decidiram encaminhar. Os militantes revelaram que, nessa discussão, que se referiam às inclinações do sindicalismo de intenção revolucionária, entre o anarcossindicalismo e o sindicalismo revolucionário, utilizados pelos militantes da Argentina e Brasil respectivamente. Não obstante, o acordado foi uma terceira via que estava em debate desde a primeira década do século XX entre os anarquistas de diversas partes do globo, afirmando que se

“a organização sindical, se contribui para resolver os problemas sociais, no terreno da revolução, em relação à propaganda doutrinária dos nossos princípios, não pode substituir a atividade cultural dos indivíduos e grupos de afinidade, que são os únicos interpretes dos fundamentos teóricos, filosóficos e científicos do ideal anarquista” (NA BARRICADA, 29/10/1915. p.2)

Os anarquistas estavam se referindo à posição de Errico Malatesta no Congresso Anarquista de Amsterdã em 1907, que defendeu a utilização do que podemos chamar, para o autor Felipe Corrêa, de dualismo organizacional, que “se apoia na ideia de que os anarquistas devem se organizar, paralelamente, em dois níveis: um social, de massas, e outro político-ideológico, anarquista” (CORRÊA, 2013, p.37)

Longe de serem apenas resoluções e acordos vazios, percebemos nos próximos anos que as posições dos congressos, e o uso de suas decisões e discursos foram levados em consideração em vários periódicos libertários e sindicalistas. Na Argentina, em 1915, a FORA conseguiu uma intensa articulação com o movimento operário, ao alterar seu programa, dessa vez usando a estratégia do sindicalismo revolucionário, excluindo seu vínculo explícito com o anarquismo. Com esse método foi possível se unir novamente com socialistas e sindicalistas pragmáticos, ao mesmo tempo fazendo com que a ação direta e a horizontalidade fossem disseminadas entre essas correntes políticas e o operariado. Assim, “em 1918, a FORA sindicalistas havia reunido em congresso as delegações de 127 sociedades aderentes, [...] em 1920, apresentaram-se 220 associações aderentes e 56 autônomas” (COLOMBO, 2009. p.111). Esse trabalho, juntamente com os grupos de propaganda anarquista, construíram fortes manifestações no país, incluindo a conhecida “Semana Trágica” em 1919.

Já no Brasil, anarquistas e sindicalistas conseguiram usar exemplos de outros países para reforçarem sua atuação, incluindo os congressos analisados, mas posteriormente a Revolução Russa. Com a decisão de continuarem inflamando o sindicalismo revolucionário em todo o país, bem como prosseguirem com grupos políticos ou de propaganda anarquista, conseguiram efetivar a Greve Geral de 1917, a Insurreição Anarquista de 1918 no Rio de Janeiro e outras grandes greves, manifestações e boicotes até a década de 1920. Nesse sentido, o sindicalismo revolucionário era acompanhado de grupos anarquistas mais programáticos como a Aliança Anarquista e o Partido Comunista Anarquista (SANTOS, 2016, p.143- 159).

Como podemos observar, anarquistas brasileiros e argentinos usavam seus condicionamentos e sua realidade para reformularem constantemente estratégias e táticas no interior do anarquismo global, não sendo uma cópia das decisões de militantes anarquistas da Europa. Suas posições diante da Primeira Guerra Mundial, nesse sentido, significaram inclinações refinadas sobre o caráter dessa ideologia perante aos eventos de guerra, inclusive influenciando outros pontos do mundo. Fato que não levou a vitória e hegemonia dessa ideologia entre a classe trabalhadora diante do crescente nacionalismo, mas, outrossim, a sobrevivência dessa cultura política por muitas décadas posteriores.

Fontes documentais

A Voz do Trabalhador, Rio de Janeiro – Brasil (1908-1915). Arquivo Edgard Leuenroth – Unicamp

La Protesta Humana, Buenos Aires – Argentina (1897-1919). Arquivo Edgard Leuenroth – Unicamp

Guerra Sociale, São Paulo – Brasil (1915- 1916). Arquivo Edgard Leuenroth – Unicamp

Na Barricada, Rio de Janeiro – Brasil (1915- 1916). Arquivo Edgard Leuenroth – Unicamp

Atas e resoluções do Congresso Internacional da Paz – Rio de Janeiro – Confederação Operária Brasileira. Centro de Documentação e Memória da UNESP (CEDEM)

Referências

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