Título: A política da Internacional
Data: 7, 14, 21 e 28 de agosto de 1869, Jornal 'La Liberté', Genebra
Fonte: BAKUNIN, Mikhail. Obras seletas I. Tradução: Plínio Augusto Coelho. São Paulo: Intermezzo, 2016. pp. 45-61.

  I

  II

  III

  IV

I

Até agora acreditamos, diz La Montagne, que as opiniões políticas e religiosas eram independentes da qualidade de membro da Internacional; e, quanto a nós, é nesse terreno que nos situamos?

Poder-se-ia crer, à primeira vista, que o sr. Coullery tem razão. Isso porque, com efeito, a Internacional, ao aceitar em seu seio um novo membro, não lhe pergunta se ele é religioso ou ateu, se pertence a tal partido político ou não pertence a nenhum; pergunta-lhe simplesmente: és operário, ou, se não és, queres, sentes a necessidade e a força para abraçar francamente, completamente a causa dos operários, para identificar-se com ela, à exclusão de todas as outras causas que poderiam ser-lhe contrárias?

Sentes que os operários que produzem todas as riquezas do mundo, que são as criaturas da civilização e que conquistaram todas as liberdades burguesas, estão hoje condenadas à miséria, à ignorância e à escravidão? Compreendeste que a causa principal de todos os males que o operário sofre é a miséria, e que essa miséria, que é o destino de todos os trabalhadores no mundo, é uma consequência necessária da organização econômica atual da sociedade, e notadamente da subjugação do trabalho, isto é, do proletariado sob o jugo do capital, quer dizer, da burguesia?

Compreendeste que entre o proletariado e a burguesia existe um antagonismo que é irreconciliável, porque ele é uma consequência necessária de suas posições respectivas? Que a prosperidade da classe burguesa é incompatível com o bem-estar e a liberdade dos trabalhadores, porque essa prosperidade exclusiva não é e não pode ser fundada senão sobre a exploração e a subjugação de seu trabalho, e que, pela mesma razão, a prosperidade e a dignidade humana das massas operárias exigem absolutamente a abolição da burguesia como classe separada? Que, por consequência, a guerra entre o proletariado e a burguesia é fatal, e que não pode terminar senão pela destruição desta última?

Compreendeste que nenhum operário, por mais inteligente e enérgico que seja, é capaz de lutar sozinho contra a força tão bem organizada dos burgueses, força representada e apoiada principalmente pela organização do Estado, de todos os Estados? Que para dar-te força deves associar-te, não com os burgueses, o que seria de tua parte uma estupidez ou um crime porque todos os burgueses, como burgueses, são nossos inimigos irreconciliáveis, nem com os operários infiéis, e que seriam bastante covardes para ir mendigar os sorrisos e a benevolência dos burgueses, mas com operários honestos, enérgicos, e que querem francamente o que queres?

Compreendeste que, tendo em vista a coalizão formidável de todas as classes privilegiadas, de todos os proprietários, capitalistas, e de todos os Estados no mundo, uma associação operária isolada, local ou nacional, mesmo que pertença a um dos maiores países da Europa, jamais poderá triunfar, e que, para fazer frente a essa coalizão e para obter esse triunfo, não é preciso nada menos que a união de todas as associações operárias locais e nacionais numa associação universal, faz-se necessária a grande Associação Internacional dos Trabalhadores de todos os países?

Se tu sentes, se bem compreendeste e se queres realmente tudo isso, vem para o nosso lado, quaisquer que sejam, por sinal, tuas crenças políticas e religiosas. Mas, para que possamos aceitar-te, deves prometer-nos: 1º subordinar doravante teus interesses pessoais, mesmo aqueles de tua família, tanto quanto tuas convicções e manifestações políticas e religiosas, no interesse supremo de nossa associação: a luta do trabalho contra o capital, dos trabalhadores contra a burguesia no terreno econômico; 2º nunca transigir com os burgueses em um interesse pessoal; 3º nunca buscar elevar-te individualmente, só para tua própria pessoa, acima da massa operária, o que faria de ti mesmo imediatamente um burguês, um inimigo e um explorador do proletariado; pois toda a diferença entre o burguês e o trabalhador é a seguinte: o primeiro busca seu bem sempre fora da coletividade, e o segundo não o busca e não tenciona conquistá-lo senão solidariamente com todos aqueles que trabalham e que são explorados pelo capital burguês; 4º permanecerás sempre fiel à solidariedade operária, pois a mínima traição dessa solidariedade é considerada pela Internacional como o maior crime e a maior infâmia que um operário possa cometer. Em resumo, deves aceitar francamente, plenamente nossos estatutos gerais, e assumirás o engajamento solene de conformar doravante teus atos e tua vida a eles.

Pensamos que os fundadores da Associação Internacional agiram com grande sabedoria ao eliminar, de início, do programa dessa Associação, todas as questões políticas e religiosas. Sem dúvida, não lhes faltaram em absoluto nem opiniões políticas, nem opiniões antirreligiosas bem definidas; mas se abstiveram de emiti-las nesse programa porque seu objetivo principal era unir acima de tudo as massas operárias do mundo civilizado numa ação comum. Tiveram necessariamente de buscar uma base comum, uma série de simples princípios sobre os quais todos os operários, quaisquer que sejam, por sinal, suas aberrações políticas e religiosas, por pouco que sejam operários sérios, isto é, homens duramente explorados e sofredores, estão e devem estar de acordo.

Se eles arvorassem a bandeira de um sistema político ou antirreligioso, longe de unir os operários da Europa, eles os teriam dividido ainda mais; porque, com a ajuda da ignorância dos operários, a propaganda interesseira e, no mais elevado nível, corruptora dos padres, dos governos e de todos os partidos políticos burgueses, sem excetuar os mais vermelhos, disseminou um monte de falsas ideias nas massas operárias, e porque essas massas cegadas apaixonam-se infelizmente ainda demasiado amiúde por mentiras, que não têm por outro objetivo senão fazê-las servir voluntária e estupidamente em detrimento de seus próprios interesses, aqueles das classes privilegiadas.

Por sinal, ainda existe uma diferença demasiado grande entre os graus de desenvolvimento industrial, político, intelectual e moral das massas operárias nos diferentes países para que seja possível uni-las hoje por um único e mesmo programa político e antirreligioso. Adotar tal programa como esse da Internacional, fazer dele uma condição absoluta de ingresso nessa Associação, seria querer organizar uma seita, não uma associação universal; seria matar a Internacional.

Houve ainda uma outra razão que fez eliminar inicialmente do programa da Internacional, ao menos na aparência, e apenas na aparência, toda tendência política.

Até hoje, desde o começo da história, ainda não houve política do povo, e entendemos por este termo o povão, a canalha operária que nutre o mundo com seu trabalho; só existiu a política das classes privilegiadas, essas classes que se serviram da força muscular do povo para destronar-se mutuamente, e para uma pôr-se no lugar da outra. O povo, por sua vez, nunca tomou partido por umas contra as outras senão na vaga esperança de que ao menos uma dessas revoluções políticas, das quais nenhuma pôde fazer-se sem ele, mas nenhuma se fez para ele, traria algum alívio à sua miséria e à sua escravidão seculares. Ele sempre se enganou. Mesmo a grande revolução francesa enganou-o. Ele matou a aristocracia nobiliária e pôs em seu lugar a burguesia. O povo não se chama escravo sem servo; ele é proclamado nascido livre em direito, mas de fato sua escravidão e sua miséria permanecem as mesmas.

E permanecerão sempre os mesmos enquanto as massas populares continuarem a servir de instrumento à política burguesa, chame-se essa política conservadora, liberal, progressista, radical, e mesmo que se desse as aparências mais revolucionárias do mundo. Pois toda política burguesa, quaisquer que sejam sua cor e seu nome, só pode ter, no fundo, um único objetivo: a manutenção da dominação burguesa; e a dominação burguesa é a escravidão do proletariado.

Assim, o que deve fazer a Internacional? Teve, de início, de afastar as massas operárias de toda política burguesa; teve de eliminar de seu programa todos os programas políticos burgueses. Mas à época de sua fundação não houve no mundo outra política senão aquela da Igreja ou da monarquia ou da aristocracia ou da burguesia; a última, sobretudo aquela da burguesia radical, era seguramente mais liberal e mais humana do que as outras, mas todas igualmente fundadas na exploração das massas operárias e não tendo, na realidade, outro objetivo senão disputar o monopólio dessa exploração. A Internacional teve de começar limpando o terreno, e como toda política, do ponto de vista da emancipação do trabalho, encontrava-se então maculada de elementos reacionários, ela teve incialmente de expurgar de seu seio todos os sistemas políticos conhecidos, a fim de poder fundar sobre essas ruínas do mundo burguês a verdadeira política dos trabalhadores, a política da Associação Internacional.


II

Os fundadores da Associação Internacional dos Trabalhadores agiram com mais sabedoria ainda ao evitar introduzir princípios políticos e filosóficos como base dessa associação, e ao dar-lhe, de início, como único fundamento apenas a luta exclusivamente econômica do trabalho contra o capital, porque eles tinham a certeza de que, a partir do momento que um operário põe o pé nesse terreno, a partir do momento que, adquirindo confiança tanto em seu direito como na força numérica, ele engaja-se com seus companheiros de trabalho numa luta solidária contra a exploração burguesa, ele será necessariamente levado, pela própria força das coisas, e pelo desenvolvimento dessa luta, a logo reconhecer todos os princípios políticos, socialistas e filosóficos da Internacional, princípios que nada mais são, com efeito, do que a justa exposição de seu ponto de partida, de seu objetivo.

Expomos esses princípios em nossos últimos números. Do ponto de vista político e social, eles têm por consequência necessária a abolição das classes, consequentemente aquela da burguesia, que é a classe hoje dominante; a abolição de todos os Estados territoriais, aquela de todas as pátrias políticas, e sobre sua ruína, o estabelecimento da grande federação internacional de todos os grupos produtivos, nacionais e locais. Do ponto de vista filosófico, como eles não tendem a nada menos do que à realização do ideal humano, da felicidade humana, da igualdade, da justiça e da liberdade na terra, que por isso mesmo tendem a tornar completamente inúteis todos os complementos celestes e todas as esperanças de um mundo melhor, eles terão por consequência igualmente necessária a abolição dos cultos e todos os sistemas religiosos.

Anunciai inicialmente esses dois objetivos a operários ignorantes, esmagados pelo trabalho de cada dia e desmoralizados, envenenados, por assim dizer, voluntariamente pelas doutrinas perversas que os governos, de concerto com todas as castas privilegiadas, padres, nobreza, burguesia, distribuem-lhes as macheias, e vós os apavorareis; rejeitar-vos-ão, talvez, sem suspeitar de que todas essas ideias nada mais são do que a expressão mais fiel de seus próprios interesses, que esses objetivos trazem em si a realização de seus mais caros desejos; e que, ao contrário, os preconceitos religiosos e políticos em nome dos quais eles talvez o rejeitarão, são a causa direta do prolongamento de sua escravidão e de sua miséria.

É preciso distinguir entre os preconceitos das massas populares e aqueles da classe privilegiada. Os preconceitos das massas, como acabamos de dizê-lo, são fundados apenas em sua ignorância, e são totalmente contrários a seus interesses, enquanto os preconceitos da burguesia são precisamente fundados nos interesses dessa classe, e só se sustentam, contra a ação dissolvente da própria ciência burguesa, graças ao egoísmo coletivo dos burgueses. O povo quer, mas não sabe; a burguesia sabe, mas não quer. Qual dos dois é incurável? A burguesia, sem nenhuma dúvida.

Regra geral: só se pode converter aqueles que sentem a necessidade de sê-lo, aqueles que já trazem em seus instintos ou nas misérias de sua posição, seja interior, tudo o que quiserdes dar-lhes; jamais aqueles que não sentem a necessidade de nenhuma mudança, até mesmo aqueles que, conquanto desejando sair de uma posição com a qual estão descontentes, são levados pela natureza de seus hábitos morais, intelectuais e sociais, a buscar num mundo que não é aquele de vossas ideias.

Convertei, rogo-vos, ao socialismo um nobre que cobiça a riqueza, um burguês que gostaria de tornar-se nobre, ou mesmo um operário que só quisesse, com todas as forças de sua alma, tornar-se um burguês! Convertei ainda um aristocrata real ou imaginário da inteligência, um douto, um meio douto, um quarto, um décimo, uma centésima parte de um douto que, cheios de ostentação científica e amiúde porque apenas tiveram a felicidade de ter compreendido bem ou mal alguns livros, são cheios de desprezo arrogante pelas massas iletradas, e imaginam que são chamados a formar entre si uma nova casta dominante, isto é, exploradora.

Nenhum raciocínio, nenhuma propaganda jamais estarão em condição de converter esses infelizes. Para convencê-los, só há um meio: é o fato, é a destruição da própria possibilidade das situações privilegiadas, de toda dominação e de toda exploração; é a revolução socia que, varrendo tudo o que constitui a desigualdade no mundo, moralizar-los-á, forçando a buscar sua felicidade na igualdade e na solidariedade.

É diferente com operários sérios. Entendemos por operários sérios todos aqueles que são realmente esmagados pelo peso do trabalho; todos aqueles cuja posição é tão precária e tão miserável que nenhum deles, a não ser sob circunstâncias completamente extraordinárias, pode nem ao menos pensar em conquistar para si mesmo, e apenas para si mesmo, nas condições econômicas e no meio social atual, uma posição melhor; tornar-se, por exemplo, por sua vez, um patrão ou um conselheiro de Estado. Incluímos também, sem dúvida, nessa categoria, os raros e generosos operários que, ainda que tendo a possibilidade de ascender individualmente acima da classe operária, não querem aproveitar-se disso, preferindo sofrer ainda algum tempo, solidariamente com todos os seus camaradas de miséria, a exploração dos burgueses a tornar-se, por sua vez, exploradores. Esses não precisam ser convertidos; eles são socialistas puros.

Falamos da grande massa operária que, extenuada por seu trabalho cotidiano, é ignorante e miserável. Esta, quaisquer que sejam os preconceitos políticos e religiosos que se buscou e, inclusive, que se conseguiu em parte fazer prevalecer em sua consciência, é socialista sem sabê-lo; ela é, no âmago de seu instinto e pela própria força de sua posição, mais seriamente, mais realmente socialista do que o são todos os socialistas científicos e burgueses juntos. Ela o é por todas as condições de sua existência material, por todas as necessidades de seu ser, enquanto estes últimos só o são pelas necessidades de seu pensamento; e, na vida real, as necessidades do ser exercem sempre uma força bem mais forte do que aquelas do pensamento, o pensamento sendo aqui, como em toda a parte e sempre, a expressão do ser, o reflexo de seus desenvolvimentos sucessivos, mas nunca seu princípio.

O que falta aos operários não é a realidade, a necessidade real das aspirações socialistas, é apenas o pensamento socialista; o que cada operário reclama no fundo de seu coração: uma existência plenamente humana como bem-estar material e desenvolvimento intelectual, fundada na justiça, isto é, na igualdade e na liberdade de cada um e de todos no trabalho; esse ideal instintivo de cada um que vive só de seu próprio trabalho não pode evidentemente realizar-se no mundo político e social atual, que é fundado na injustiça e na exploração cínica do trabalho das massas operárias. Assim, cada operário sério é necessariamente um revolucionário socialista, porquanto sua emancipação só pode efetuar-se pela destruição de tudo o que existe agora. Ou essa organização da injustiça, com toda a sua exibição de leis iníquas e de instituições privilegiadas deve perecer, ou então as massas operárias permanecerão condenadas a uma escravidão eterna.

Eis o pensamento socialista cujos germes encontrar-se-ão no instinto de cada trabalhador sério. O objetivo é, pois, dar-lhe a plena consciência do que ele quer, fazer nascer nele um pensamento que corresponda a seu instinto, a partir do momento que o pensamento das massas operárias tiver elevado-se à altura de seu instinto, sua vontade será determinada e sua força tornar-se-á irresistível.

O que ainda impede o desenvolvimento mais rápido desse pensamento salutar no seio das massas operárias? Sua ignorância, sem dúvida, e em grande parte os preconceitos políticos e religiosos pelos quais as classes interessadas esforçam-se ainda hoje para obscurecer sua consciência e sua inteligência natural. Como dissipar essa ignorância, como destruir esses preconceitos malfazejos? – Pela instrução e pela propaganda?

São sem dúvida grandes e belos meios. Mas no estado atual das massas operárias eles são insuficientes. O operário isolado é demasiado esmagado por seu trabalho e por suas preocupações cotidianas para ter muito tempo para dedicar à sua instrução. E, por sinal, quem fará essa propaganda? Serão os poucos socialistas sinceros, emanados da burguesia, cheios de generosa vontade, sem dúvida, mas demasiado pouco numerosos para dar, inicialmente, à sua propaganda, toda a amplitude necessária, e, por outro lado, pertencendo por sua posição a um mundo diferente, não têm sobre o mundo operário toda a influência necessária e provocam nele desconfianças mais ou menos legítimas?

“A emancipação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores”, diz o preâmbulo de nossos estatutos gerais. E ele tem mil vezes razão em dizê-lo. É a base principal de nossa grande Associação. Mas o mundo operário é geralmente ignorante; falta-lhe ainda por completo a teoria. Portanto, só lhe resta uma única via: aquela de sua emancipação pela prática. Qual pode e deve ser essa prática?

Só há uma. É aquela da luta solidária dos operários contra os patrões. São as Trade-unions, a organização e a federação das caixas de resistência.


III

Se a Internacional mostra-se de início indulgente em relação às ideias subversivas e reacionárias – seja em política, seja em religião – que os operários podem ter ao ingressar em seu seio, não é em absoluto por indiferença a essas ideias. Não se pode taxar de indiferença visto que ela detesta-as e rejeita-as com todas as forças de seu ser – toda ideia reacionária sendo a inversão do próprio princípio da Internacional, como já o demonstramos em nossos artigos precedentes.

Essa indulgência, repetimos uma vez mais, é-lhe inspirada por elevada sabedoria. Sabendo perfeitamente que todo o operário sério é um socialista por todas as necessidades inerentes à sua posição miserável, e que ideias reacionárias, se existirem, só podem ser o efeito de sua ignorância, ela conta com a experiência coletiva, que ele não pode deixar de adquirir no seio da Internacional, e sobretudo com o desenvolvimento da luta coletiva dos trabalhadores contra os patrões para libertá-lo destes.

E, com efeito, a partir do momento que um operário, ao adquirir confiança na possibilidade de uma transformação radical da situação econômica próxima, associado a seus camaradas, começa a lutar seriamente pela diminuição de suas horas de trabalho e pelo aumento de seu salário, a partir do momento que começa a interessar-se vivamente por essa luta toda material, pode-se estar certo de que ele logo abandonará todas as suas preocupações celestes, e que, habituando-se a contar cada vez mais com a força coletiva dos trabalhadores, renunciará voluntariamente ao socorro do céu. O socialismo assume em seu espírito o lugar da religião.

O mesmo acontecerá com a sua política reacionária. Ela perderá seu principal apoio à medida que a consciência do operário vir-se liberta da opressão religiosa. Por outro lado, a luta econômica, ao desenvolver-se e ampliar-se cada vez mais, far-lhe-á conhecer cada vez mais de uma maneira prática, e por uma experiência coletiva que é necessariamente sempre mais instrutiva e mais ampla que a experiência isolada, seus verdadeiros inimigos, que são as classes privilegiadas, inclusive o clero, a burguesia, a nobreza e o Estado; este último estando presente só para salvaguardar todos os privilégios dessas classes, e tomando necessariamente sempre o partido das classes privilegiadas contra o proletariado.

O operário, assim engajado na luta, acabará forçosamente por compreender o antagonismo irreconciliável que existe entre esses partidários da reação e seus interesses humanos mais caros, e, tendo chegado a esse ponto, não deixará de reconhecer-se e posicionar-se claramente como um socialista revolucionário.

O mesmo não se passa com os burgueses. Todos os seus interesses são contrários à transformação econômica da sociedade, e se suas ideias também são contrárias a isso, se suas ideias são reacionárias, ou como denominam polidamente hoje, moderadas; se a sua inteligência e seu coração rejeitam esse grande ato de justiça e emancipação que denominamos revolução social, se eles têm horror pela igualdade social, real, isto é, pela igualdade política, social e econômica simultaneamente; se, no âmago de sua alma, eles querem conservar para si próprios, para sua classe ou para seus filhos, um único privilégio, mesmo que fosse aquele da inteligência, como fazem hoje muitos socialistas burgueses; se eles não detestam, não apenas com toda a lógica de seu espírito, mas ainda com toda a força de sua paixão, a ordem de coisas atual, então se pode estar certo de que eles permanecerão reacionários, inimigos da causa operária por toda a vida.

É preciso mantê-los longe da Internacional.

É preciso mantê-los bem longe dela pois não poderiam nela ingressar senão para desmoralizá-la e para desviá-la de seu caminho. Há, por sinal, uma indicação infalível pela qual os operários podem reconhecer se um burguês, que pede para ser recebido em suas fileiras, dirige-se a eles francamente, sem sombra de hipocrisia e sem a menor reticência destruidora. Esse sinal são as relações que ele conservou no que concerne ao mundo burguês.

O antagonismo que existe entre o mundo operário e o mundo burguês assume um caráter cada vez mais pronunciado. Todo homem que pensa seriamente, e cujos sentimentos e imaginação não são absolutamente alterados pela influência amiúde inconsciente de sofismas interessados, deve compreender hoje que nenhuma reconciliação entre eles é possível. Os trabalhadores querem a igualdade, e os burgueses querem a manutenção da desigualdade. Evidentemente, uma destrói a outra. Assim, a grande maioria dos burgueses capitalistas e proprietários, aqueles que têm a coragem de reconhecer francamente o que querem, tem do mesmo modo a coragem de manifestar com a mesma franqueza o horror que lhes inspira o movimento atual da classe operária. Estes são os inimigos tão resolutos quanto sinceros; nós conhecemo-los e está bem assim.

Mas há uma outra categoria de burgueses que não têm nem a mesma franqueza, nem a mesma coragem. Inimigos da liquidação social, que nós chamamos com toda a força de nossas almas como um grande ato de justiça, como o ponto de partida necessário e a base indispensável de uma organização igualitária e racional da sociedade, eles querem, assim como todos os outros burgueses, conservar a desigualdade econômica, essa fonte eterna de todas as outras desigualdades; e, ao mesmo tempo, sustentam querer como nós a emancipação integral do trabalhador e do trabalho. Mantêm contra nós, com uma paixão digna dos burgueses mais reacionários, a própria causa da escravidão do proletariado, a separação do trabalho e da propriedade imobiliária ou capitalizada, hoje representados por duas classes diferentes; e, contudo, colocam-se como os apóstolos da libertação da classe operária do jugo da propriedade e do capital!

Enganam-se ou enganam? Alguns se enganam de boa-fé, muitos enganam; a maioria engana-se e engana simultaneamente. Pertencem todos a essa categoria de burgueses radicais e socialistas burgueses que fundaram a Liga da Paz e da Liberdade!

Essa Liga é socialista? No começo, e durante o primeiro ano de sua existência, como já tivemos a oportunidade de dizê-lo, ela rejeitou o socialismo com horror. No ano passado, em seu Congresso de Berna, rejeitou triunfalmente o princípio da igualdade econômica. Hoje, sentindo-se morrer e desejando viver um pouco mais, e enfim compreendendo que nenhuma existência política é doravante possível sem a questão social, diz-se socialista; tornou-se socialista burguesa: isso quer dizer que ela não quer resolver todas as questões sociais tendo por base a desigualdade econômica. Quer, deve conservar o interesse do capital e a renda da terra, e sustenta emancipar os trabalhadores com isso. Esforça-se para dar um corpo ao nonsense.

Por que ela o faz? O que a fez empreender uma obra tão incongruente quanto estéril? Não é difícil compreender.

Uma parte da burguesia está fatigada do reinado do cesarismo e do militarismo que ela própria fundou em 1848, por temor do proletariado. Recordai apenas as jornadas de junho, anunciadoras das jornadas de dezembro; recordai essa Assembleia Nacional que, após as jornadas de junho, amaldiçoava e insultava, por unanimidade menos um voto, o ilustre e, pode-se muito bem dizê-lo, heroico socialista Proudhon, que sozinho teve a coragem de lançar o desafio do socialismo a essa tropa raivosa de burgueses conservadores, liberais e radicais. E não devemos esquecer que entre esses insultadores de Proudhon há uma quantidade de cidadãos ainda vivos, e hoje mais militantes do que nunca, e que, batizados pelas perseguições de dezembro, tornaram-se desde então os mártires da liberdade.

Assim, não há qualquer dúvida de que a burguesia inteira, inclusive a burguesia radical, foi de fato a criadora do despotismo cesariano e militar do qual hoje deplora os efeitos. Depois de ter-se servido dele contra o proletariado, ela gostaria de livrar-se dele agora. Nada de mais natural; esse regime humilha-a e arruína-a.

Mas como livrar-se dele? Outrora ela era corajosa e poderosa, tinha a força das conquistas. Hoje é covarde e débil; foi acometida pela impotência dos velhos. Reconhece demasiado bem sua fraqueza, e sente que sozinha nada pode. Precisa, portanto, de ajuda. Essa ajuda só pode ser o proletariado; desse modo, é preciso conquistá-lo.

Mas como conquistá-lo? Por promessas de liberdade e igualdade política? São palavras que já não comovem os trabalhadores. Eles aprenderam às suas custas, compreenderam por uma dura experiência que essas palavras significam para eles nada além da manutenção de sua escravidão econômica, com frequência, inclusive, mais dura do que antes. Se, portanto, quiserdes tocar o coração desses miseráveis milhões de escravos do trabalho, falai-lhes de sua emancipação econômica. Não há mais operário que não saiba que esta é para ele a única base séria e real de todas as outras emancipações. Assim, é preciso falar-lhes de reformas econômicas da sociedade.

Pois bem, disseram-se os membros da Liga da Paz e da Liberdade, falemos disso, digamo-nos também socialistas. Prometamo-lhes reformas econômicas e sociais, sob a condição, todavia, de que eles queiram respeitar as bases da civilização e da onipotência burguesa: a propriedade individual e hereditária, o interesse do capital e a renda da terra. Persuadamo-los de que, só sob essas condições, que por sinal asseguram-nos a dominação e aos trabalhadores a escravidão, o trabalhador pode ser emancipado.

Persuadamo-los ainda de que, para realizar todas essas reformas sociais, é preciso de início fazer uma boa revolução política, exclusivamente política, tão vermelha quanto quiserem do ponto de vista político, com um grande abate de cabeças se isso se torna necessário, mas com o maior respeito pela santa propriedade; uma revolução inteiramente jacobina, em resumo, que nos tornará senhores da situação; e, uma vez senhores, daremos aos operários o que pudermos e o que quisermos.

Eis aí um sinal infalível pelo qual os operários podem reconhecer um falso socialista, um socialista burguês; se, ao falar-lhes de revolução, ou, se preferirem, de transformação social, ele diz-lhes que a transformação política deve preceder a transformação econômica; se ele nega que elas devem fazer-se simultaneamente ou mesmo que a revolução política não deve ser nada além da aplicação imediata e direta da liquidação social plena ou inteira; que eles deem-lhes as costas, pois, ou ele é apenas um imbecil, ou então um explorador hipócrita.


IV

A Associação Internacional dos Trabalhadores, para permanecer fiel a seu princípio, e para não se desviar da única via que pode conduzi-la a bom porto, deve armar-se sobretudo contra as influências de dois tipos de socialistas burgueses: os partidários da política burguesa, até mesmo os revolucionários burgueses, e aqueles da cooperação burguesa, ou pretensamente homens práticos.

Consideremos, inicialmente, os primeiros.

A emancipação econômica, já dissemos no nosso número precedente, é a base de todas as outras emancipações. Resumimos por essas palavras toda a política da Internacional.

Lemos, com efeito, nos considerandos de nossos estatutos gerais, a seguinte declaração:

Que a sujeição do trabalho do capital é a fonte de toda servidão política, moral e material, e que por essa razão, a emancipação dos trabalhadores é o grande objetivo ao qual deve estar subordinado todo movimento político.

Está claro que todo movimento político que não tem absolutamente por objetivo imediato e direto a emancipação econômica, definitiva e completa dos trabalhadores, e que não inscreveu em sua bandeira, de maneira bem determinada e bem clara, o princípio da igualdade econômica, o que quer dizer a restituição integral do capital ao trabalho, ou, então, a liquidação social – que todo movimento político semelhante é burguês, e, como tal, deve ser excluído da Internacional.

Deve, por consequência, ser excluída sem piedade a política dos burgueses democratas ou socialistas burgueses que, declarando “que a liberdade política é a condição prévia da emancipação econômica”, só podem entender por essas palavras o seguinte: as reformas ou a revolução política devem preceder as reformas ou a revolução econômica; os operários devem, consequentemente, aliar-se aos burgueses mais ou menos radicais para fazer de início com eles as primeiras, sem excluir a eventualidade de fazer em seguida contra eles as últimas.

Protestamos francamente contra esta funesta teoria que só poderia resultar, para os trabalhadores, uma vez mais, na sua utilização como instrumento contra eles próprios e novamente em sua entrega à exploração dos burgueses.

Conquistar a liberdade política de início só pode significar conquistar exclusivamente ela, abandonando, ao menos durante os primeiros dias, as relações econômicas e sociais no estado em que se encontram, isto é, os proprietários e os capitalistas com sua insolente riqueza, e os trabalhadores com sua miséria. Mas essa liberdade, uma vez conquistada, dizem, servirá aos trabalhadores de instrumento para conquistar mais tarde a igualdade ou a justiça econômica.

A liberdade, com efeito, é um instrumento magnífico e poderoso. A questão é saber se os trabalhadores poderão realmente servir-se dela, se ela estará realmente em sua posse, ou se, como sempre foi até aqui, sua liberdade política será apenas uma aparência enganadora, uma ficção.

Um operário, em sua situação econômica atual, ao qual se viesse falar de liberdade política, poderia responder pelo refrão de uma canção bem conhecida:

Não falai de liberdade.

A pobreza é a escravidão!

E, com efeito, é preciso estar apaixonado por ilusões para crer que um operário, nas condições econômicas e sociais nas quais se encontra atualmente, possa aproveitar plenamente, fazer uso sério e real de sua liberdade política. Faltam-lhe para isso duas pequenas coisas: o lazer e os meios materiais.

Por sinal, não vimos na França, no dia seguinte à revolução de 1848, a revolução mais radical que se possa desejar do ponto de vistas político?

Os operários franceses não eram, decerto, nem indiferentes, nem ininteligentes e, malgrado o sufrágio universal mais amplo, tiveram de deixar os burgueses agir. Por quê? Porque lhes faltaram os meios materiais que são necessários para que a liberdade política torne-se uma realidade, porque eles permaneceram os escravos de um trabalho forçado pela fome, enquanto os burgueses radicais, liberais e até mesmo os conservadores, uns republicanos da véspera, os outros convertidos no dia seguinte, iam e vinham, agitavam, falavam, faziam e conspiravam livremente, uns graças às suas rendas ou sua posição burguesa lucrativa, os outros graças ao orçamento do Estado que se tinha naturalmente conservado e que se tinha, inclusive, tornado mais forte do que nunca.

Sabemos o que resultou disso: inicialmente, as jornadas de junho, depois, como consequência necessária, as jornadas de dezembro.

Todavia, dir-se-á, os trabalhadores, tornados mais sábios pela própria experiência que fizeram, não mais enviarão burgueses às assembleias constituintes ou legislativas, enviarão simples operários. Por mais pobres que sejam, eles poderão sustentar seus deputados. Sabei o que disso resultará? Os operários deputados, transportados às condições de existência burguesas, e a uma atmosfera de ideias políticas completamente burguesas, cessando de ser trabalhadores de fato para tornar-se homens de Estado, tornar-se-ão burgueses e, talvez, ainda mais burgueses do que eles próprios. Pois os homens não fazem as posições, são as posições, ao contrário, que fazem os homens. E sabemos por experiência que os operários-burgueses não são amiúde nem menos egoístas do que os burgueses exploradores, nem menos funestos à Associação do que os burgueses socialistas, nem menos vaidosos e ridículos do que os burgueses enobrecidos.

O que quer que se faça ou se diga, enquanto o trabalhador permanecer mergulhado em seu estado atual, não haverá absolutamente para ele liberdade possível, e aqueles que o incitam a conquistar as liberdades políticas sem tocar antes nas candentes questões do socialismo, sem pronunciar essa expressão que faz os burgueses empalidecerem, liquidação social, dizem-lhe simplesmente: conquista antes essa liberdade para nós, para que mais tarde possamos servir-nos contra ti.

Mas esses burgueses são bem-intencionados e sinceros, dir-se-á. Mas não há boas intenções e sinceridade que se sustentem contra as influências da posição, e visto que dissemos que os próprios operários que se colocassem nessa posição tornar-se-iam forçosamente burgueses, por uma razão ainda mais forte, os burgueses que permanecerem nessa posição permanecerão burgueses.

Se um burguês, inspirado por uma grande paixão de justiça, igualdade e humanidade, quer seriamente trabalhar pela emancipação do proletariado, que ele comece inicialmente por romper todos os laços políticos e sociais, todas as relações de interesse bem como de espírito, de vaidade e de coração com a burguesia. Que ele compreenda antes que nenhuma reconciliação é possível entre o proletariado e essa classe; que, quem quer que viva da exploração alheia é inimigo natural do proletariado.

Depois de ter voltado definitivamente as costas ao mundo burguês, que ele venha então se colocar sob a bandeira dos trabalhadores, na qual estão escritas essas palavras: “Justiça, Igualdade e Liberdade para todos. Abolição das classes pela igualização econômica de todos. Liquidação social”. Ele será bem vindo.

Quanto aos socialistas burgueses, bem como aos burgueses operários que vierem falar-nos de conciliação entre a política burguesa e o socialismo dos trabalhadores, só temos um conselho a dar a estes últimos: é preciso virar-lhes as costas.

Visto que os socialistas burgueses esforçam-se hoje para organizar, com a isca do socialismo, uma formidável agitação operária a fim de conquistar a liberdade política, uma liberdade que, como acabamos de vê-lo, só beneficiaria a burguesia; visto que as massas operárias, tendo chegado ao entendimento de sua posição, esclarecidas e dirigidas pelo princípio da Internacional, organizam-se, com efeito, e começam a formar uma autêntica força, não nacional mas internacional; não para cuidar dos interesses dos burgueses, mas de seus próprios interesses; e visto que, mesmo para realizar esse ideal dos burgueses de uma completa liberdade política com instituições republicanas, é preciso uma revolução, e que nenhuma revolução pode triunfar senão exclusivamente pela força do povo; é preciso que essa força, cessando de esfalfar-se pelos Senhores burgueses, só sirva doravante a fazer triunfar a causa do povo, a causa de todos aqueles que trabalham contra todos os que exploram o trabalho.

A Associação Internacional dos Trabalhadores, fiel a seu princípio, jamais apoiará uma agitação política que não tenha por objetivo imediato e direto a completa emancipação econômica do trabalhador, isto é, a abolição da burguesia como classe economicamente separada da massa da população, nem qualquer revolução que desde o primeiro dia, desde a primeira hora, não inscreva em sua bandeira a liquidação social. Mas não se improvisam as revoluções. Elas não se fazem arbitrariamente nem pelos indivíduos, nem mesmo pelas mais poderosas associações. Independentemente de toda vontade e de toda conspiração, elas são sempre conduzidas pela força das coisas. Pode-se prevê-las, pressentir sua aproximação, às vezes, mas nunca acelerar sua explosão.

Convictos dessa verdade, fazemo-nos esta pergunta: Qual é a política que a Internacional deve seguir durante esse período mais ou menos longo que nos separa dessa terrível revolução social que todos pressentem hoje?

Fazendo abstração, como lhes prescrevem seus estatutos, de toda política nacional e local, ela dará à agitação operária em todos os países um caráter essencialmente econômico, colocando como objetivo a diminuição da jornada de trabalho e o aumento dos salários; como meios, a associação das massas operárias e a formação das caixas de resistência.

Ela fará a propaganda de seus princípios, pois esses princípios sendo a expressão mais pura dos interesses coletivos dos trabalhadores do mundo inteiro, são a alma e constituem toda a força vital da Associação. Fará essa propaganda amplamente, sem respeito pelas suscetibilidades burguesas, a fim de que cada trabalhador, saindo do torpor intelectual e moral no qual se esforçam para mantê-lo, compreenda sua situação, saiba o que deve querer fazer e em que condições pode conquistar seus direitos de homem.

Fará uma propaganda tanto mais enérgica e sincera porque na própria Internacional amiúde encontramos influências que, desejando desprezar esses princípios, gostariam de fazê-los passar por uma teoria inútil, e esforçam-se para reconduzir os trabalhadores ao catecismo político, econômico e religioso dos burgueses.

Ela ampliar-se-á, enfim, e organizar-se-á fortemente atravessando as fronteiras de todos os países, a fim de que, quando a revolução, conduzida pela força das coisas, tiver eclodido, haja uma força real, sabendo o que deve fazer e, por isso mesmo, capaz de apoderar-se dela e dar-lhe uma direção verdadeiramente salutar para o povo; uma organização internacional séria das associações operárias de todos os países, capaz de substituir esse mundo político dos Estados e da burguesia que parte.

Terminamos essa exposição fiel da política da Internacional reproduzindo o último parágrafo dos considerandos de nossos estatutos gerais:

O movimento que se realiza entre os operários dos países mais industriosos da Europa, fazendo nascer novas esperanças, dá uma solene advertência para não recair em absoluto nos antigos erros.