Mikhail Bakunin

Tática e Disciplina do Partido Revolucionário

1864-1872

  Bibliografia

Imitemos um pouco a sabedoria dos nossos adversários. Vejam, todos os governos têm na boca a palavra liberdade, enquanto os seus atos são reacionários. Que as autoridades revolucionárias não façam mais frases, mas usando uma linguagem mais moderada, a mais pacífica possível, façam a revolução.

É totalmente o inverso do que as autoridades revolucionárias, em todos os países fizeram até hoje: elas foram a maior parte das vezes excessivamente enérgicas e revolucionárias em sua linguagem e muito moderadas, para não dizer muito reacionárias, nos seus atos. Pode-se mesmo dizer que a energia da linguagem, a maior parte das vezes, serviu-lhes de máscaras para enganar o povo, para lhe esconder a fraqueza e a incoerência de seus atos. Há homens, muitos homens na burguesia supostamente revolucionária, que ao pronunciarem algumas palavras revolucionárias, julgam fazer a revolução, e que, depois de as terem pronunciado, se julgam com o direito de cometer atos de fraqueza. inconseqüências fatais, atos de pura reação. Nós somos revolucionários para valer, fazemos absolutamente o contrário. Falamos pouco de revolução, mas fazemo-la. Deixemos por agora a outros o cuidado de desenvolver teoricamente os princípios da revolução social, e contentemo-nos em aplicá-los, em encarná-los nos fatos.

Entre os nossos amigos e aliados, os que me conhecem bem, talvez fiquem espantados por eu sustentar agora esta linguagem, eu, que fiz tanta teoria, e que me mostrei sempre um guardião zeloso e feroz dos princípios. Ah! É que os tempos mudaram. – Então, ainda há um ano, nos preparávamos para a revolução, que esperávamos, uns mais tarde, outros mais cedo, – e agora, digam os que disserem os cegos, estamos em plena revolução. – Então era absolutamente necessário sustentar alto a bandeira dos princípios teóricos, expor bem alto estes princípios em toda sua pureza, a fim de formar um partido por pouco numeroso que fosse, mas composto unicamente por homens que estivessem sinceramente, plenamente, apaixonadamente ligados a estes princípios, de modo que cada um, em tempo de crise, pudesse contar com todos os outros. Agora já não se trata de recrutar. Nós conseguimos formar, bem ou mal, um pequeno partido – pequeno em relação ao número de homens que aderem a ele com conhecimento de causa, imenso relativamente aos seus aderentes instintivos, relativamente às massas populares das quais ele representa as necessidades melhor do que qualquer outro partido. – Agora devemos embarcar em conjunto no oceano revolucionário, e doravante não devemos propagar mais nossos princípios por palavras, mas com fatos, – pois é a mais popular, a mais poderosa e a mais irresistível das propagandas. Calemos de vez em quando a política, isto é, quando a nossa impotência momentânea em relação a uma grande força contrária o exija, mas sejamos sempre implacavelmente conseqüentes nos fatos. A salvação da revolução está toda neles.

A razão principal porque todas as autoridades revolucionárias de todo o mundo fizeram sempre tão pouca revolução, é porque elas sempre quiseram faze-la elas próprias, com a sua autoridade, e com a sua força, o que nunca deixou… de estreitar excessivamente a ação revolucionária, pois é impossível mesmo para a autoridade revolucionária mais inteligente, mais enérgica, mais franca, abraçar ao mesmo tempo muitas questões e interesses, sendo qualquer ditadura, tanto individual como coletiva, enquanto composta por vários personagens oficiais, necessariamente muito limitada, muito cega, e incapaz tanto de penetrar nas profundezas como de abraçar toda a amplidão da vida popular…

Então o que devem fazer as autoridades revolucionárias – e trabalhemos para que estas existam o menos possível – o que é que elas devem fazer para desenvolver e organizar a revolução? Elas nem devem faze-la por decretos, nem impô-la às massas, mas provocá-la nas massas. Elas não lhes devem impor uma organização qualquer, mas suscitando a sua organização autônoma, trabalhar secretamente, com a ajuda da influência individual sobre os indivíduos mais inteligentes e mais influentes de cada localidade, para que esta organização esteja o mais próxima possível de nossos princípios. – Todo e segredo do nosso triunfo está aí.

Que este trabalho vá encontrar dificuldades, quem pode duvidar disso? Mas quem pensa que a revolução é um jogo de crianças e que se pode faze-la sem vencer inumeráveis dificuldades? Os revolucionários socialistas dos nossos dias não têm nada ou quase nada a imitar nos processes revolucionários dos jacobinos de 1793. A rotina revolucionária os poria a perder. Eles devem trabalhar no vivo, eles devem criar tudo. (Obras, II. 225 a 228, 70).


Não se pense que eu quero impor a causa da anarquia absoluta nos movimentos populares. Uma tal anarquia não seria outra coisa senão uma ausência completa de pensamento, de objetivo e de conduta comum. Tudo que é viável ou não se produz numa determinada ordem, que lhe é inerente se manifesta conforme é. Qualquer revolução popular, que não morra ao nascer, conformar-se-á a uma ordem que lhe será particular, e sempre reconhecida pelo instinto popular, será determinada pela combinação natural de todas as circunstâncias locais com o objetivo comum que apaixona as massas. Para que esta ordem possa brotar e para que se estabeleça no meio da anarquia de uma sublevação popular. é preciso que abrace os povos numa única e grande paixão e que o seu objeto esteja bem determinado.

O ideal de tal insurreição, segundo a minha opinião, realizou-se em uma sublevação de massa dos insurretos da Vendéia; não, sem dúvida, no seu programa, que foi excessivamente reacionário. As tropas aguerridas da República, comandadas pelos melhores generais foram postas em xeque, durante alguns anos, pela desordem dos camponeses.

A sublevação popular na Espanha contra Napoleão nos dá outro exemplo. Poder-se-ia ainda citar a do povo russo contra a invasão de Napoleão em 1812. (Nettlau. 198, 68).

O que torna os movimentos verdadeiramente populares tão fortes é que, produtos de uma grande paixão unânime, seduzem a todos, tanto os fracos como os fortes, as mulheres, as crianças, os velhos, assim como os jovens e os homens maduros, pois a própria ausência de qualquer ordem formal e de qualquer regra artificial, imposta por uma autoridade superior, torna possível esta participação ao movimento geral, de todas as idades e de todos os sexos; enquanto que a repressão definitiva das forças populares; constantemente a desaparecer e a renascer, torna-se por isso mesmo impossível.

Vimos uma prova surpreendente disso na última insurreição polaca. Foi um movimento anárquico, o governo nacional de Varsóvia era muito fraco para o conter e para o dirigir, o que foi mais uma vantagem do que um inconveniente, pois este governo, – que é preciso não confundir com o comitê central de Varsóvia, que organizou muito bem a conspiração nacional, mas que se dissolveu de fato nos primeiros dias da insurreição e foi substituído pelo governo nacional – este governo tinha um temperamento tão pouco revolucionário, que era muito mais capaz de matar do que manter viva a insurreição polaca. Todos os membros do Comitê Central, do sistema de concessões e de meias medidas e não talvez menos um ou dois, eram sinceramente revolucionários – senão totalmente pelo seu programa, ao qual voltarei mais a frente – pelo menos pela energia da sua fé e da sua vontade. Eram jovens impacientes por começar a luta e que só contavam com a sublevação popular. Eram inimigos, naturalmente, sem nenhuma confiança na diplomacia. Podemos ter certeza, pois, que se eles tivessem se mantido à cabeça do movimento insurrecional. este último teria tomado um caminho mais decisivo. Mas deixando-se se arrastar por um sentimento de impaciência, de vaidade juvenil e de heroísmo e em parte impelidos pelas próprias necessidades de sua dificílima posição, deixaram Varsóvia para se porem à cabeça dos bandos revoltados. Morreram quase todos e o seu lugar vago foi ocupado por outros. Estes outros eram revolucionários de futuro, não dá véspera, aliás, patriotas decididos, mas moderados, hesitantes e ponderados, que nunca teriam começado uma revolução como a da véspera, que eles diziam impossível, e que, conseqüentemente, não tinham nenhuma das qualidades requeridas para a conduzir a bom termo.

Estes revolucionários moderados censuraram à juventude revolucionária, como uma grande loucura, a sua confiança no povo; esta confiança, nunca a partilharam e por muitas razões…, eles recearam, até mais do que desejavam, a insurreição polaca. Mas provando a sua incontestável sabedoria por esta desconfiança legítima que o povo sempre lhes inspirou, não conseguiram evitar outra loucura – não posso qualificar de outro modo a sua confiança infantil no auxílio da diplomacia. Aliás, eles são suas vítimas – um amigo muito perigoso e muito equívoco da causa polaca, chefe de um Estado, que desde que esta causa existe, não deixou escapar uma ocasião para lhe prestar maus serviços, – o Imperador Napoleão III, numa palavra, tendo-lhe sugerido que deviam apoderar-se do movimento nacional, – primeiro para paralisar tudo o que havia de verdadeiramente revolucionário e que, acrescentava, seria necessariamente antipática a todos os governos regulares da Europa; mas ao mesmo tempo para o fazer prolongar em duração continuando-o como um protesto exclusivamente nacional, a fim de dar à diplomacia o pretexto de intervir á favor da Polônia – esses homens sensatos, que se apoderaram efetivamente de governo nacional, só seguiram muito fielmente os conselhos de Paris. Eles puseram todas as suas esperanças na intervenção diplomática da França; para agradar a esta, para agradar também a Áustria, que durante alguns meses tinha fingido querer associar-se à política da França, fizeram todos os esforços para acalmar, para despopularizar e para abafar a insurreição nacional. – Eles só o conseguiram imperfeitamente, graças à sua impotência. (Nettlau. 157-l58, 68?).


Se Paris se subleva e triunfa, terá o direito e o dever de proclamar a liquidação completa de Estado político, jurídico: financeiro e administrativo, a bancarrota pública e privada, a destruição de todas as funções, de todos os serviços, de todas as forças do Estado, o incêndio ou o fogo da alegria de todos os papéis e atos públicos e privados, a fim de que os trabalhadores reunidos em associações, e que terão expropriado todos os instrumentos de trabalho, capitais de qualquer espécie e edifícios, fiquem armados e organizados por ruas e por quarteirões. Formarão a federação revolucionária de todos os quarteirões, a comuna diretiva. E esta comuna terá o dever de declarar que não se arroga o direito de governar e de organizar a França, mas que chama o povo de todas as comunas, tanto da França como do que se chamava até agora o estrangeiro, a seguir o seu exemplo, a fazer, cada uma na sua região, uma revolução tão radical, tão destrutiva para o Estado, para o direito jurídico e para a propriedade privilegiada.

Ela derivará estas comunas, francesas ou estrangeiras, depois de ter feito esta revolução, a virem federar-se com ela, quer em Paris quer em qualquer outro ponto que se quiser, para onde enviarão seus delegados para fazer uma organização comum dos serviços e das relações de produção e de troca, organização necessária para estabelecer a carta de igualdade, base de toda a liberdade, carta totalmente negativa por seu caráter, separando bem o que deve ser abolido presentemente do que são as formas positivas da vida local, que só podem ser criadas pela prática viva de cada localidade. Ao mesmo tempo organizar-se-á uma defesa comum contra os inimigos da Revolução, assim como a propaganda ativa da Revolução e da solidariedade prática revolucionária, com os amigos de todos os países contra os inimigos de todos os países.

Numa palavra, a revolução deve estar e deve surgir por toda parte. independentemente do ponto central, que deve ser sua expressão, o seu produto, e não a sua fonte, a sua direção e a sua causa.

É preciso que a anarquia, o despertar da vida espontânea, de todas as paixões locais, e sobre todos os pontos, sejam tão grandes quanto possível, para que a Revolução seja e continue viva, real, forte. Os revolucionários políticos, os partidários da ditadura ostensível, logo que a revolução tiver obtido o primeiro triunfo, ordenaram o apaziguamento das paixões, a ordem, a confiança e a submissão aos novos poderes estabelecidos. Deste modo, eles reconstituem o Estado. Nós, pelo contrário, devemos fomentar, despertar, desprender todas as paixões, devemos produzir a anarquia, e, pilotos invisíveis no meio da tempestade popular, devemos dirigi-la, não com um poder ostensível, mas pela ditadura coletiva de todos os aliados(membros da Aliança). Ditadura sem capa, sem título, sem direito oficial, e tanto mais forte quanto menos aparências do poder ela tiver. Eis a única ditadura que admito. Mas para que ela possa agir é preciso que exista, e para isso, é necessário primeiro prepará-la e organizá-la; poi ela não se fará sozinha, nem com discussões, nem por exposições e debates de princípios, nem por assembléias populares. (Richard, 130-131, 70).


O nosso objetivo é criar uma coletividade revolucionária forte mas sempre invisível, uma coletividade que deve preparar a revolução e dirigi-la…, deixando ao movimento revolucionário de massas o seu desenvolvimento total a à sua organização social… a mais completa liberdade, mas vigiando sempre para que este movimento e esta organização nunca possam reconstituir autoridades, governos, Estados, e combatendo todas as ambições, tanto coletivas (no gênero da de Marx) como individuais pôr influência natural, nunca oficial, de todos os membros de nossa Aliança, disseminados em todos países, e cuja força vem unicamente de sua ação solidária e da unidade de programa e de objetivos que deve existir sempre entre eles. (Nettlau, 284, 72).

Assim centralizada pela idéia e pela identidade de um programa comum a todos os países, centralizada por uma organização secreta, que reunirá não só todos os partidos de um país, mas também muitos senão todos os países num mesmo plano de ação; centralizada também pela simultaneidade dos movimentos revolucionários no campo e na cidade, doravante, a revolução deverá tomar e manter um caráter local no sentido em que não deverá começar de modo nenhum por uma grande concentração de todas as forças revolucionárias de um , país num único ponto, nem nunca tomar o caráter romanesco e burguês de uma expedição quase revolucionária, mas inflamando-se ao mesmo tempo em todos os pontos de um país, deverá tomar o caráter de uma verdadeira revolução popular. (Nettlau, 218, 64-67).


Tu me escreves, caro amigo, que és “inimigo de qualquer espécie de estatus” e afirmas que “só são jogos de crianças”. Eu não compartilho completamente da tua opinião neste ponto. É detestável uma regulamentação excessiva, e julgo, como tu, que “as pessoas sérias devem traçar uma linha da conduta e não se desviar dela”. Portanto tentemos nos compreender um ao outro.

A fim de estabelecer uma certa coordenação na ação, coordenação necessária, creio eu, entre as pessoas que tendem para o mesmo objetivo, impõe-se determinadas condições: um certo número de regras ligando cada um a todos, determinados pactos e acordos renovados freqüentemente – se falta tudo isto, se cada um trabalha como lhe apetece, as pessoas mais sérias se encontrarão elas próprias numa situação em que os esforços de um serão neutralizados pelos de outros. Disto resultará a desarmonia e não a harmonia e a confiança serena para a qual nos tendemos.

…Eu quero que no nosso trabalho haja ordem e uma confiança serena, e que nem uma nem outra sejam os resultados de ordens de uma única vontade, mas da vontade coletiva, da vontade bem organizada de numerosos companheiros disseminados em numerosos países… Mas para que uma tal descentralização seja possível, é preciso ter uma autêntica organização, e uma tal organização não é possível sem um certo grau de regulamentação, que ao fim e ao cabo são o resultado de um acordo mútuo ou de um contrato. (Maximoff. 379-380, 68-70).


Trata-se da disciplina e da confiança, assim como da união. São coisas excelentes quando são bem aplicadas. Funestas quando se dirigem a quem não as merece. Amante apaixonado da liberdade, confesso que desconfio muito dos que têm sempre na boca a palavra disciplina. (obras, II, 296, 70-71).

Por muito inimigo que seja daquilo que na França chama de disciplina, no entanto reconheço que uma certa disciplina, não automática, mas voluntária e refletida, e estando perfeitamente de acordo com a liberdade dos indivíduos, continua a ser e sempre será necessária, todas as vezes que vários indivíduos, livremente unidos, empreenderem um trabalho ou uma ação coletiva qualquer. Esta disciplina não é senão a concordância voluntária e refletida de todos os esforços individuais para um objetivo comum. No momento da ação, no meio da luta, os papéis dividem-se naturalmente, segundo as aptidões de cada um, apreciados e julgados por toda coletividade: uns dirigem e ordenam, outros executam as ordens. Mas nenhuma função se petrifica, se fixa e fica irrevogavelmente ligada a nenhuma entidade ou pessoa. A ordem e a promoção hierárquica não existem, de modo que o comandante de ontem pode tornar-se o subalterno de hoje. Ninguém se eleva acima dos outros, ou se se eleva, não é senão para cair logo a seguir, como as ondas do mar, voltando sempre ao nível salutar da igualdade.

Neste sistema já não há propriamente poder. O poder baseia-se na coletividade, e torna-se a expressão sincera da liberdade de cada um, a realização fiel e séria da vontade de todos; só obedecendo cada um de per si, ao chefe do dia, este só ordenara o que ele próprio quer.

Eis a disciplina verdadeiramente humana, a disciplina necessária à organização da liberdade. (Obras, II, 297-298. 70-71).


Doravante, que cada grupo, cada seção de grupo, não receba no seu seio um novo membro senão por unanimidade, nunca unicamente pela maioria das vozes, isto é, de todos os membros que fazem parte desta seção de grupo. – Se só são dois, não devem admitir um terceiro senão quando estiverem os dois perfeitamente de acordo e igualmente convencidos da utilidade, da inteligência, da dedicação, da energia e da descrição que ele vos trará. E nesta escolha nunca devem se deixar conduzir por nenhuma outra consideração senão o programa da Aliança, a concorrência perfeita dos seus sentimentos e das suas idéias com esse programa, e a sua capacidade real de os seguir com energia, com discrição e com perseverança e prudência, e sobretudo a sua capacidade de renunciar para sempre qualquer iniciativa pessoal isolada, e de subordinar sempre a sua ação à vontade coletiva – capacidade que os vaidosos e ambiciosos nunca têm, pois o que eles procuram, muitas vezes – sem eles próprios repararem nisso, – o que procuram em todas as coletividades, tanto públicas como secretas. que encontram, é um pedestal para si, um trampolim para sua glória ou elevação pessoal – por causa disso, impusemos a nós próprios a lei de nunca receber nosso sanctum sanctorum, na nossa intimidade e fraternidade coletiva, nenhum ambicioso e nenhum vaidoso, por muito parecidas que sejam as suas idéias e as suas tendências apaixonadas com as nossas, por muito inteligentes e sábios que sejam e por muito grande que pudesse ser a utilidade que as suas relações e a sua influência no mundo nos trouxesse. Preferimos nos resignar do que recebê-los entre nós, pela certeza que temos de que a sua ambição e a sua vaidade não deixariam de trazer para o nosso meio, mais tarde ou mais cedo, os germes da divisão e da desorganização. – Eles vão querer ser chefes, dirigentes, mestres, e não os reconhecemos de modo nenhum entre nós e como socialistas revolucionários não os devemos reconhecer. Não pode e não deve ser dos nossos senão o que é capaz de, individualmente, imergir completamente na solidariedade fraternal e na ação coletiva dos aliados – não para se tornar um escravo, mas pelo contrário, para se retemperar nela e para se reencontrar forte, livre, inteligente, pela força, pela liberdade, pela inteligência e pela assistência, sempre ativa e sempre presente, de todos.(Nettlau, 283-284, 72)

[O candidato] – à Aliança – deve compreender que uma associação com um objetivo revolucionário tem de se transformar necessariamente em sociedade secreta, e qualquer sociedade secreta, no interesse da causa a que serve e da eficácia de sua ação, assim como no da segurança de cada um dos seus membros, tem de ser submetida a uma forte disciplina, que aliás não é senão o resumo e o resultado puro do compromisso recíproco que todos os membros uns em relação aos outros. (Nettlau, 213, 64-67).

Bibliografia

Mikhail Bakunin. “Cartas a um Francês sobre a Crise Atual” (1870). In:Obras II. Paris: P. V. Stock, 1895-1913, pp. 225-228.

Mikhail Bakunin. “Manuscrito provavelmente sobre a ‘Questão Revolucionária nos Países Russos e na Polônia’ (1868?)”.In: Max Nettlau.The Life of Michael Bakunine. Michael Bakunine, eine Biographie. Londres: edição privada,1896-1900, p. 198. Ibidem, pp. 157-158.

Mikhail Bakunin. “Cartas” (1870).In: Albert Richard.Bakunin e a Internacio-nal em Lyon 1868-1870. Paris: 1869, pp. 130-131.

Mikhail Bakunin. “Carta a Pablo na Espanha” (1872).In: Max Nettlau.Op.Cit., p. 284.

Mikhail Bakunin. “Organização” (1864-1867).In: Max Nettlau.Op. Cit., p.218.

Mikhail Bakunin. “Carta a Albert Richard” (1868-1870).In: G. P. Maximoff.The Political Philosophy of Bakunine - Scientific Anarchism. Illinois: The Free Press,1953, pp. 379-380.

Mikhail Bakunin. “O Império Knuto-Germânico e a Revolução Social” (1870-1871).In: Obras II, p. 296. Ibidem. pp. 297-298.

Mikhail Bakunin. “Carta a Pablo na Espanha”.In: Max Nettlau.Op. Cit.,pp. 283-284.

Mikhail Bakunin. “Organização”.In: Max Nettlau.Op. Cit., p. 213.


Adquirido em 05/9/2020 de http://www.editorafaisca.net/
Artigo retirado do livro Conceito de Liberdade, de Bakunin, publicado pela editorial RES do Porto, Portugal, em 1975. Reproduzido em Socialismo e Liberdade, também de Bakunin, publicado por Luta Libertária de São Paulo, Brasil, em 2002.
Tradução de Jorge Dessa a partir do original em francês com o título de La Liberté.