Movimento de Mulheres do Curdistão na América Latina

Para George Floyd, do Curdistão

Um forte grito contra o racismo

25-05-2020

O Movimento de Mulheres do Curdistão na América Latina publicou uma declaração denunciando o assassinato do cidadão afro-americano George Floyd na última segunda-feira. Desde o movimento de mulheres, elas reiteraram sua solidariedade com a comunidade negra nos Estados Unidos e no mundo. Segue a declaração completa:

Nos Estados Unidos, em Minnesota, ao sul de Minneapolis, George Floyd, um negro, durante uma detenção ilegal, foi morto por um policial branco que lhe prendeu o ar, sufocando-o até a morte. Enquanto todos os dias recebemos estatísticas sobre uma pandemia global que tenta atacar nossa capacidade de respirar, na verdade percebemos, como nunca antes, que a epidemia racista está sufocando vidas e matando todos os dias em todo o mundo.

Queremos dizer à comunidade negra nos Estados Unidos que eles não estão sozinhos.

Esta epidemia de racismo nos envolve histórica e fortemente no Curdistão, onde minorias étnicas e indígenas lutam há séculos para construir um mundo comunal no qual a unidade da diversidade é o princípio básico do respeito mútuo, onde as hierarquias, a exploração e a opressão não prevalecem.

Em todas as partes do mundo não pode haver militância nem vida que não coloque a luta contra o racismo como central, não apenas apoiando a necessidade de justiça ou denunciando a opressão racial, mas atacando diretamente no seu coração – a começar pelos nossos gestos cotidianos, como mulheres e dissidentes – o sistema estatal patriarcal capitalista supremacista branco.

Nós nos sentimos ancestralmente no mesmo caminho com nossas irmãs negras lutando no presente e pelo futuro com justiça que queremos aqui e agora.

Ao lamentarmos George Floyd, tanto na Turquia como nos EUA, estamos enfrentando, como curdos, a guerra imperialista, a censura e a tortura, o assassinato através da detenção ilegítima, um item chave na agenda de um sistema racial opressivo e ditatorial como o de Erdogan, ao qual nunca nos renderemos.

Na última campanha internacional que lançamos para a libertação dos nossos prisioneiros políticos curdos, expressamos firmemente que a solidariedade é o que nos mantém vivos.

Como Movimento de Mulheres do Curdistão, articuladas nas Américas do Sul e Central, engajamo-nos com nossas irmãs indígenas negras, afrodescendentes, lado a lado na luta contra a opressão racial e o sistema prisional e seu complexo industrial fomentado por Erdogan, Trump e Bolsonaro, sabendo que está em nossas mãos, entrelaçadas para defender umas às outras, e não nas dos governos, a resposta para um mundo livre em defesa da vida.

Abraçamos as mulheres da família de George Floyd e da comunidade negra nos Estados Unidos e no mundo inteiro com a promessa, do Curdistão e da América do Sul, de fortalecer nossa luta comum contra o racismo. Juntas criaremos uma sociedade livre. Livre da guerra dos Estados, do racismo, livre das prisões, do patriarcado, e de toda exploração.

Para nós, vidas negras não só importam; elas nos mostram em toda parte, o único caminho concreto para a libertação da sociedade em qualquer parte do mundo.

Não apenas acreditamos que este é o momento mais urgente para fazer parte de nossas lutas comuns, com nossas companheiras do #BlackLivesMatter declaramos uma revolução mundial em curso e não permitiremos que o racismo nos reprima.

Venceremos em nossa luta!

Em nome de George Floyd, assim como de George Jackson, a todas as pessoas que lutaram até o último suspiro na luta pela libertação.

Com amor revolucionário,
Movimento de Mulheres do Curdistão na América Latina (28/05/2020)