Título: Nossa Organização
Autor: Nestor Makhno
Data: 6 de novembro de 1925
Fonte: Este texto foi publicado em Dielo Truda nº 6, de novembro de 1925, pp. 6-7.
Notas: Nota do revisor: Por algum erro, não sabemos se de Alexandre Skirda – que organizou o livro de Nestor Makhno, La Lutte Contre L’État et Autres Écrits, por meio do qual este texto foi difundido – ou da editora que publicou o livro, o fato é que os artigos 3 “Anarquismo e Nossos Tempos” e “Nossa Organização” tiveram parte importante de seu conteúdo invertida. Praticamente toda a segunda metade do primeiro texto foi colocada no segundo e vice-versa. Nesta versão, este problema foi solucionado, a partir da orientação do Nestor Makhno Archive, que endentemos ser adequada.

A atual situação enfrentada pela classe trabalhadora mundial exige uma concentração máxima das ideias e da energia dos anarquistas revolucionários para esclarecer as questões mais importantes às massas.

Cada camarada deve estar ciente disso, refletir sobre o tema e concluir que é somente por meio de uma força organizativa unida que os anarquistas poderão prontamente identificar e analisar as questões que dizem respeito às massas e dar respostas a elas com sucesso.

Nossos camaradas, que foram ativos na Revolução Russa e que continuam fiéis às suas convicções anarquistas, sabem o quão nocivo foi, para nosso movimento anarquista, a falta de uma organização sólida. Esses camaradas podem ser úteis em nossa atual busca de união. Suponho que não lhes passou despercebido que o anarquismo contribuiu com a insurreição das massas trabalhadoras revolucionárias na Rússia e na Ucrânia; estimulou-as a lutar em toda parte. Contudo, a ausência de uma organização capaz de contrapor suas próprias forças aos inimigos da revolução fez com que os anarquistas não conseguissem assumir qualquer papel organizativo.

Na revolução, a causa do anarquismo sofreu terríveis consequências por isso.

Cientes desse fato, os anarquistas russos e ucranianos não devem permitir que ele se repita no futuro. A lição do passado é muito dura e, por não a terem esquecido, eles devem ser os primeiros a dar o exemplo, reunindo suas forças e criando uma organização anarquista que possa levar a cabo as tarefas do anarquismo, não somente no momento de preparação da revolução social, mas também em seus primeiros dias. Essa organização deve unir todas as forças revolucionárias do anarquismo e não hesitar em preparar as massas para a revolução social e para a luta por uma sociedade anarquista.

Infelizmente, não estamos todos nos esforçando para criar uma organização real de nossas forças, sem a qual um trabalho frutífero entre as massas é impensável. Ainda que muitos anarquistas reconheçam a necessidade de tal organização, é lamentável ter de mencionar que são poucos aqueles que estão preparados para lidar com tal questão, com a perseverança e o compromisso que são indispensáveis.

Enquanto isso, os acontecimentos precipitam-se em toda Europa, inclusive na Rússia, que se encontra emaranhada nas redes do panbolchevismo.

Não está distante o dia em que seremos novamente chamamos a participar ativamente desses acontecimentos. Se nos apresentarmos outra vez sem contar com uma organização adequada, continuaremos a ser incapazes de impedir que os acontecimentos sejam tragados pelo turbilhão dos sistemas estatistas.

É óbvio para todos e cada um de nós que a coesão entre todos os anarquistas ativos, na forma de uma atividade coletiva séria, é o que necessitamos. Seria muito surpreendente se em nossas fileiras se manifestassem oponentes dessa União.

A questão a resolver relaciona-se apenas à forma organizativa que seria mais aceitável para a associação anarquista. Pessoalmente, tendo a considerar que a forma organizativa mais apropriada e mais necessária é aquela que se constituiria como uma União de anarquistas com base nos princípios da disciplina coletiva e da direção concentrada de todas as forças anarquistas.

Assim, todas as organizações que se afiliassem a essa união geral estariam relacionadas, não apenas por uma comunhão de objetivos sociais revolucionários, mas também por um acordo comum em relação aos meios que levariam a esses objetivos.

As atividades das organizações locais poderiam ser adaptadas, tanto quanto fosse possível, para se ajustarem às condições locais. No entanto, essas atividades deveriam, necessariamente, estar de acordo com o conjunto da prática organizativa da União de anarquistas em todo o país.

Não há importância se essa União descreve a si mesma como um partido anarquista ou outra coisa. O ponto essencial é que ela deve direcionar todas as forças anarquistas, por meio de práticas comuns e uniformes, contra o inimigo, levando adiante a luta pelos direitos dos trabalhadores, pela revolução social e pela sociedade anarquista.