Título: Vermelho e Preto: uma Explicação
Autor: Shona Pollock
Data: 21 de Abril de 2024
Notas: Título original: Red & Black an Explanation. Tradução: Contraciv.
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O anarco-sindicalismo é mais uma ação do que uma filosofia. Transmitido por pensadores como Rudolf Rocker, ele continua a confundir e entusiasmar a esquerda tradicional. No entanto, com sua ênfase no trabalho em equipe e sua crença fundamental em subverter o poder, sua hora é agora!

O anarco-sindicalismo pode ser definido como unidades de trabalhadores formando sindicatos horizontais e revolucionários que se unem para derrubar o capitalismo.

O sindicalismo tem uma herança tão forte quanto qualquer ponto de vista marxista. Desenvolvido por grevistas europeus no final do século XIX, trata-se de formar sindicatos e laços fortes, em vez de monólitos partidários. Ainda é suficiente lutar sob a cobertura de sindicatos institucionais ou são necessários novos e melhores sindicatos?

Se o poder corrompe, a próxima pergunta é: quais são as alternativas para os trabalhadores que se opõem à servidão e à escravidão assalariada? Para isso, é melhor mergulhar na história. Em 1848, a Europa pegou fogo. Uma onda de greves gerais acendeu-se em todo o mundo industrial, levando não apenas à queda da Segunda República da França, mas também à fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) em 1864, universalmente reconhecida como a Primeira Internacional.

Em 1866, a AIT tinha até 8 milhões de membros, mas era amplamente dominada por comunistas. Um jovem participante chamado Karl Marx favorecia a solução estatista, ou seja, a criação de estados proletários dominados por uma vanguarda política. Isso se chocou com a seção anarquista da AIT. Eles viam que novos Estados poderiam se tornar autoritários, mesmo quando estabelecidos em nome da classe trabalhadora. No final do século, essas tensões ideológicas causariam uma divisão decisiva entre comunistas e anarquistas.

A divisão se resumia a uma questão de agência: quais grupos ou indivíduos tinham a agência para instigar insurreições revolucionárias pelos trabalhadores? E a questão do poder estatal.

“Se você pegasse o revolucionário mais fervoroso, vestisse ele com poder absoluto, em um ano ele seria pior do que o próprio czar.” – Bakunin, Estatismo e Anarquia

No início dos anos 1900, o anarco-socialismo britânico foi suplantado por federações como a Federação Social-Democrata e o Partido Trabalhista Independente de Keir Hardie, que replicaram a preocupação de Marx com frentes populares e infiltração parlamentar. Essas organizações tornaram-se cada vez mais reformistas e voltaram as costas para a derrubada revolucionária do sistema de classes. No entanto, à medida que o industrialismo se espalhava para o Novo Mundo, as trabalhadoras assumiram a bandeira do anarco-sindicalismo.

Nos Estados Unidos, México e Argentina, as trabalhadoras de confecções e operárias eram pobres demais para interessar os Barões dos Sindicatos. Então, elas aperfeiçoaram a greve selvagem, abandonando o trabalho com pouca representação além de seus sindicatos auto-organizados. Todo esse radicalismo do Novo Mundo refletia os valores do terreno. Nas novas repúblicas, questões de liberdade e a liberdade de retirar o trabalho importavam mais do que os decretos dos oficiais sindicais.

Nos EUA, um influxo de judeus radicais, fugindo de pogroms e perseguições, revitalizou os proudhonistas e Alexander Berkman com novas táticas, às vezes violentas, às vezes não violentas. Em seu rastro, um grupo radical de protofeministas cresceu como flores no esterco das ruas de Nova York.

Emma Goldman é uma dessas feministas e foi redescoberta. Ela ganhou destaque durante a campanha antidraft de 1917 e foi condenada a 2 anos nas prisões dos EUA, culminando em sua deportação de volta à Rússia revolucionária em 1919. Lá, a nacional lituana bateu de frente com os leninistas, não tendo escolha senão partir para a Inglaterra.

Às vésperas da Guerra Civil Espanhola, ela foi encontrada em Barcelona, onde foi convidada pela Confederación Nacional del Trabajo (CNT) e seus rivais (embora afiliados), a Federación Anarquista Ibérica (FAI). Tipicamente, em 1939, a frente popular dos trabalhadores estava em frangalhos, pois a CNT começou a se aliar contra os anarquistas, juntando-se aos comunistas para capturar o Exército Espanhol. Essas alianças, apoiadas por Stalin, tornaram-se governos de facto na Ibéria devastada pela guerra. Com a Europa em guerra, sua saúde debilitada a fez buscar refúgio no Canadá, onde morreu em 1940.

Mas as flores do anarquismo democrático foram semeadas no mundo hispânico. Durante a era da contracultura, radicais redescobriram o anarco-sindicalismo e novos agrupamentos surgiram. Os nomes dessas organizações utópicas refletiam os anos dourados. Ainda há muita disputa sobre qual facção dos grupos de Trabalhadores Internacionais se tornou a Internacional. Isso levou a conversas coloquiais sobre a Internacional Vermelha e Negra, mas, em típica moda anarquista, ninguém pode concordar sobre a coalizão preeminente de anarquistas. Ron, um simpatizante anarquista, resume, opinando: "Há anarquismos demais com adjetivos".

No entanto, três grupos adotaram estratégias anarquistas no Reino Unido: ecologistas, ativistas trans e feministas interseccionais de quinta geração.

Escrever sobre seus manifestos seria desviar do assunto. Crass e Chumbawamba espalharam o anarquismo até o Top Ten do Reino Unido na era rave dos anos 80/90. Surgiu um canto "vermelho e verde com preto no meio" que une uma mistura heterogênea de ocupantes, viajantes da nova era e intelectuais. Todos esses grupos rejeitam sindicatos tradicionais e partidos parlamentares.

O único valor central é que o poder pertence ao povo, e o povo deve ser visto!