Como será a sociedade Anarco-Comunista? Não podemos prever todo o futuro, mas podemos prever algo se baseando nas nossas teorias e estudos. Tal sociedade já existiu na Revolução Espanhola, na Comuna de Shimin e no Território Livre da Ucrânia, a Makhnovtchina, e só acabaram porque os fascistas e soviéticos invadiram.


Seus teóricos são Piotr Kropotkin, Carlos Cafiero, Joseph Dejacque, Élisée Reclus, Errico Malatesta, Berkman, Goldman etc

Uma sociedade baseada na livre associação de indivíduos e autogestão, não existirá dinheiro, salário, estado, a produção será para satisfazer as necessidades humanas, em comunas autônomas autogestionadas que poderão compartilhar recursos com comunas vizinhas, integradas em uma confederação de comunas. A produção será descentralizada, não haverá uma associação central distribuindo tudo, no máximo associações que administrarão recursos comuns. Cada pessoa contribuirá conforme suas faculdades, aptidões, inclinações e habilidades e consumirá conforme suas necessidades e desejos, ou seja, sem que seja preciso condicionar o consumo a alguma forma de medida de equivalência com o trabalho feito. Será de acordo com a máxima: "De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”. A informação entre consumo e produção será direta levando a maior participação dos consumidores sobre o que estão consumindo. Poderemos ter a melhor qualidade de produtos possíveis, bem como o menor impacto ambiental, já que serão feitos diretamente para o uso e podem ser pensados da melhor maneira possível, dependendo apenas dos recursos materiais. Como o consumo e produção serão livres, cada um poderá consumir o que quiser e produzir o que quiser, se alguém quiser consumir algo que ainda não existe ele produz ou convence outros a produzirem.


Ninguém deveria ser obrigado a trabalhar no que não gosta, então podemos colocar máquinas para trabalhar no nosso lugar, cada vez mais as maquinas estão ocupando o lugar dos humanos no trabalho, existem impressoras 3D que imprimem casas, a IA está substituindo trabalhos intelectuais, a tendência disso é aumentar cada vez mais, podemos usar isso ao nosso favor. E somado ao fato de que muitos trabalhos que só existem hoje para manter o sistema atual não existirão, vai sobrar mais tempo livre. Podemos acabar com a divisão de trabalho e lazer para tornar as atividades produtivas prazerosas. A divisão de trabalho manual e intelectual também vai desaparecer, o que significa que de manha você poderá fazer um trabalho intelectual e a noite um trabalho braçal. Se houver algum trabalho desgastante ele pode ser feito em turnos, isto é, cada pessoa fazendo um pouco para não ficar pesado para ninguém. Para que trabalhar em uma fábrica de chocolate? Para justamente poder comer chocolate. Para que ajudar a construir uma casa de alto padrão para outra pessoa? Para poder também ter uma. Nós produziremos pelas vantagens que teremos.


A revolução abole a propriedade privada dos meios de produção e distribuição e com ela vão os negócios capitalistas. A posse pessoal permanece apenas nas coisas que você usa. Assim, o seu relógio é seu, mas a fábrica de relógios pertence ao povo. Terras, máquinas e todos os outros serviços públicos serão propriedade coletiva, não podendo ser comprados nem vendidos. O uso real será considerado o único título - não de propriedade, mas de posse. A organização dos mineiros de carvão, por exemplo, ficará a cargo das minas de carvão, não como proprietária, mas como operadora. Da mesma forma, as irmandades das ferrovias administrarão as ferrovias e assim por diante. A posse coletiva, administrada cooperativamente no interesse da comunidade, tomará o lugar da propriedade pessoal conduzida de forma privada com fins lucrativos


Por causa da ausência de um estado e de poder econômico cada indivíduo terá poder equivalente, não podendo mandar em outros. Para aumentar seus poderes os indivíduos poderão se juntar em grupos para defenderem suas ideias. Assim, poderá haver várias comunas com culturas completamente diferentes.


O calculo econômico é feito em espécie e descentralizado. Em vez de comparar preços, a alocação de recursos será baseada na comparação dos valores de uso de bens específicos, bem como em sua escassez relativa. Os valores de uso comparados seriam positivos (ou seja, quão bem ele atende aos requisitos) e negativos (ou seja, quais recursos ele usa, que poluição causa, quanto trabalho está incorporado nele, e assim por diante). Desta forma, a informação de custo real, mais frequentemente do que não ocultada pelo preço, pode ser comunicada e usada para tomar decisões sensatas. A escassez seria indicada por associações comunicando quantos pedidos estão recebendo em comparação com sua capacidade normal - conforme as associações obtêm mais pedidos, o índice de escassez de seus produtos aumentaria, informando outras associações para buscar substitutos para os bens em questão. Os bens seriam tabelados por cada unidade produtiva local intercalada com outras unidades que fazem parte da mesma cadeia produtiva. Organizados em agrupamentos de produtores e consumidores localizados em uma rede descentralizada com integração das indústrias.


Complexos científicos a gestão não é descentralizada, já que nesse aspecto as autoridades em determinados assuntos devem coordenar os setores, a indústria bélica idem, setores industriais que mexem com coisas que pode ocasionar cataclismos tem uma forma de gestão e organização diferente do resto. Associações tratam de setores, ou seja, o setor aeronáutico terá todos os setores vinculados em uma associação livre na gestão comum dos associados em ligação com as questões políticas nacionais e internacionais, o anarquismo terá seu conjunto de regras, normas e processos de qualidade e segurança.


No sistema atual delegamos a nossa segurança ao estado, políticos e juízes que podem ser comprados ou corrompidos. No Anarco-Comunismo o poder da segurança estará em nossas mãos, poderemos ter armas para autoproteção, e como todos trabalharão para o bem da comuna e se beneficiam do trabalho um do outro, os próprios membros da comuna podem ajudar um ao outro a se protegerem de agressores, como as Associações são usadas pelos moradores para organizarem seus bairros, municípios, etc. Eles podem usa-las em casos de haver um agressor, ele será detido, levado a um tribunal popular que decidirá o que fazer com ele, dependendo do crime e da comuna a decisão irá variar, já que as regras contra criminosos serão feitas pelos moradores. Provavelmente será ou recuperação, amparando a vitima e tentando entender o que levou o agressor a agredir, reconciliando ele com a comuna. Em casos de doença mental ele será tratado, nem que tenha que ser internado. Em casos mais graves será exilado/expulso ou morto. Provável que não haja prisões, elas são inúteis e custosas, não servem para recuperar ninguém, faz mais sentido exilar ou matar do que mandar para a prisão.

Muitos crimes nascem da competição desenfreada por bens materiais, cultura consumista, status social definido por riqueza, desigualdade e falta de oportunidades combinados. Um sistema que se baseia na competição e coloca o ter acima do ser sempre criara criminosos. É comprovado que em países onde há maior bem estar social, onde as pessoas podem mais facilmente satisfazerem suas necessidades sem recorrerem à violência, fecham prisões por falta de crime.


O estagio final implicara em produção local por indústrias descentralizadas, integração ao campo e cidade em novas cidades que serão bem diferentes das nossas, já que serão feitas pensando na ergonomia, na melhor forma de produção, distribuição, ecologia, moradia e etc.