Organização Conselhista
Teses para a Abolição do Trabalho
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A ideologia do trabalho é o estratagema com que a sociedade atual consegue retardar sua ultrapassagem, já agora possível, no sentido de uma sociedade sem classes e livre da escravidão do trabalho.
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O mercado mundial, na sua última fase: a troca de mercadorias materiais subsiste apenas como forma econômica em vias de superação; a forma mais evoluída, doravante realizada em escala planetária, é a troca de mercadorias ideológicas.
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As ideologias, fundamento da atual riqueza das nações, são as mercadorias em sua moderna versão: o seu valor é proporcional à duração do consenso que conseguem garantir. Elas são a forma pela qual se manifesta o capital, e é através delas que o poder se exerce.
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A ideologia permutada entre os estados, inclusive os "comunistas", será posteriormente distribuída ao proletariado, para ser consumida, no varejo. Vem imposta sob a forma de leis naturais: o trabalho como maldição contínua e a produção como necessidade inelutável.
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Porém, a lógica do trabalho contém as condições para sua total superação. O capital poderia, hoje, reduzir o tempo de trabalho à metade: as forças que se dizem revolucionárias incluem nos seus objetivos a redução progressiva do tempo de trabalho, já que representam assim o dissenso consentido.
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A produção imposta de mercadorias materiais e o consumo imposto de mercadorias ideológicas se identificam, e o regime salarial ocupa as 24 horas do dia, alternando as duas imposições. A jornada de trabalho é, doravante, de 24 horas: vida produtiva e vida cotidiana coincidem, desde já, na sua miséria.
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Nenhuma forma de trabalho assalariado, mesmo que uma possa minimizar os inconvenientes da outra, pode eliminar os inconvenientes do próprio trabalho assalariado. Portanto, é necessário que o pensamento se arme durante a ação.
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Na revolta proletária de Reggio Calabria - como antes, nas de Casetta e Battipaglia -, isso aconteceu. O proletariado se constituiu em ralé para lançar seu desafio consciente à inconsciência da ordem constituída. A solidão do proletariado, a aparência obscena e ameaçadora de suas insurreições deixam consternados seus opressores e falsos protetores.
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Os companheiros napolitanos e os devastadores calabreses esclareceram, de uma vez por todas, que a nova luta espontânea começa sob o aspecto criminal e se lança na destruição das máquinas do consumo permitido.
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Hoje, em Reggio, os motivos de revolta são considerados "fúteis". De fato, o proletariado não tem alguns motivos para rebelar-se, porque os têm todos; não há reivindicações particulares a apresentar ao poder, porque seu objetivo é a destruição de todo poder que não seja exercido pelos conselhos proletários.
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Os Conselhos Proletários não exigirão nada menos do que a destruição desta sociedade, a abolição do trabalho, a eliminação violenta de toda instituição separada (escolas, fábricas, prisões, igrejas, partidos etc.), após o que existirá o poder decisório de cada um no poder unitário e absoluto dos Conselhos.
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Os Conselhos Proletários nada mais serão do que o início da construção, por todos, da vida livre e feliz hoje relegada aos desejos e sonhos produzidos pela infelicidade da atual sobrevivência.
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Proletários conscientes, que a maldição do trabalho seja maldita, que a inelutabilidade da produção se transforme no seu luto.