Zo d'Axa
O Trabalhador Honesto
É a incrível engorda da massa dos explorados que cria a ambição crescente e lógica dos exploradores.
Os reis das minas, dos campos de carvão e do ouro estariam errados em se preocupar. A resignação de seus servos consagra sua autoridade. Eles não precisam mais alegar que seu poder se baseia no direito divino, nessa piada decorativa: sua soberania é legitimada pelo consentimento popular. Um plebiscito operário, consistindo em adesão patriótica, banalidades declamatórias ou aquiescência silenciosa, assegura o domínio do chefe e o reinado da burguesia
Neste trabalho, podemos reconhecer o artesão.
Seja na mina ou na fábrica, o Trabalhador Honesto, aquela ovelha, deu ao rebanho a sarna.
O ideal do supervisor perverteu os instintos das pessoas. Um casaco esportivo no domingo, conversando sobre política, votando ... essas são as esperanças que substituem tudo. O trabalho diário odioso não desperta ódio nem rancor. O grande partido dos trabalhadores odeia os preguiçosos que mal merecem o dinheiro que o patrão lhes concedeu.
O coração deles pertence ao trabalho.
Eles têm orgulho de suas mãos calejadas.
Por mais que deformassem os dedos, o jugo foi pior para o cérebro: os calos de resignação, covardia e respeito cresceram sob o couro com o atrito do arreio. Velhos trabalhadores vaidosos acenam seus certificados: quarenta anos no mesmo lugar! Nós os ouvimos falando sobre isso enquanto imploram por pão nos pátios.
“Tenham pena, senhoras e senhores, de um velho doente, um bravo trabalhador, um bom francês, um ex-oficial não comissionado que lutou na guerra ...Tenham pena, senhoras e senhores."
Está frio: as janelas permanecem fechadas. O velho não entende.
Ensine as pessoas! O que mais é necessário? Sua pobreza não lhe ensinou nada. Enquanto houver ricos e pobres, estes últimos se empenharão para suprir o serviço exigido. O pescoço do trabalhador está acostumado aos arreios. Quando ainda jovens e fortes, são os únicos animais domésticos a não correr soltos em seus territórios.
A honra especial do proletário consiste em aceitar todas aquelas mentiras em cujo nome ele é condenado ao trabalho forçado: dever, pátria, etc. Ele aceita, esperando que, ao fazer isso, seja ascenso para a classe burguesa. A vítima se faz cúmplice. O infeliz conversa sobre a bandeira, bate no peito, tira seu chapéu e cospe no ar:
"Eu sou um trabalhador honesto."
E cai de volta no rosto dele.